Reforço
da relação Família, Comunidade e Escola: Normas de convivência na sociedade
A abordagem da temática ‘’reforço da relação família,
comunidade e escola: normas de convivência na sociedade’’, remete-nos,
primeiramente a análise dos conceitos de família, escola, comunidade.
Assim, entendemos a família como um grupo de pessoas, ligadas por
laços consanguíneos ou não, que habitam juntas e mantêm uma relação baseada no
afecto e ajuda mútua.
Escola é uma instituição de ensino público ou privado,
vocacionada na transmissão do saber cultural sistematizado às novas gerações.
Comunidade é o conjunto de pessoas que vivem numa determinada
área, sob um governo comum e que partilham uma herança cultural e histórica.
Importa-nos aqui
referir que tanto a família quanto a
escola, são dois contextos de desenvolvimento do indivíduo. Isto quer dizer que
a família e a escola compartilham funções sociais, políticas e educacionais,
na medida em que contribuem e influenciam fortemente a formação integral do
indivíduo e sua inserção na sociedade.
Segundo (Tavares,
1992), “o desenvolvimento da criança é o resultado de interacções complexas
entre os diferentes sistemas ecológicos de que a criança é parte”, quer
seja a família, a escola ou outras instituições. Neste sentido, todas as
famílias têm aspectos contributivos para o desenvolvimento da criança, cabendo
à escola reforçá-los. Isto leva-nos a afirmar que, quando há um envolvimento
dos pais na vida escolar dos filhos, estes apresentam maior aproveitamento e
desenvolvem melhor as suas capacidades intelectuais e comportamentais.
Portanto, a escola deve manter sempre um diálogo vivo e permanente com todos os
intervenientes no processo de formação e orientação dos alunos. Deste modo,
Marques (1991 p. 68) afirma que “pais que se envolvem na educação dos
próprios filhos e que comunicam de forma positiva com os professores, tendem a
encarar o professor com mais simpatia e apreço”. A colaboração das famílias
na escola constitui um factor fundamental para o desenvolvimento das crianças.
Segundo Sampaio, (1996)
os pais, actualmente, estão extremamente ocupados, e não têm ‘’tempo’’ para dar
atenção aos filhos, acabando muitas vezes por se esquecerem de que a escola não
pode educar sem o apoio dos pais/encarregados de educação e precisa da ajuda e
participação/cooperação da família para auxiliar os alunos a superarem as suas
dificuldades e, assim, evoluírem de forma saudável. Desta forma, pode-se
afirmar que a colaboração dos pais é de grande importância dentro da escola.
Também é preciso salientar que a
colaboração entre a família e a escola, por vezes, altera consoante os graus de
ensino, as diferentes idades das crianças, como também as expectativas dos pais
e dos professores e os seus objectivos.
Ficamos, assim, com a
ideia presente que valorizar e estimular os pais à participação, bem como
desenvolver estratégias de colaboração/cooperação envolvendo a família, as
crianças, a escola e também a comunidade em que se está inserido, poderá ser ―
a linha orientadora para ajudar todas as crianças a desenvolverem-se e a
integrarem-se na sociedade da qual fazem parte por inerência de vida.
A relação escola –
família – comunidade será melhor se a escola abrir as suas portas à família e à
comunidade, dando-lhes espaço e oportunidade para participarem de forma activa
no processo de ensino e aprendizagem. Assim, ao participarem/envolverem estarão
a velar pelos seus interesses e dos seus filhos (e de alguma forma contribuir para
uma melhor sociedade).
A parceria/escola
família implica a noção de educação inclusiva e participação por todos os
agentes educativos. Deverá, assim, haver um envolvimento efectivo entre a
escola e a família, de modo a haver um maior conhecimento, compreensão e
acompanhamento.
Tipos de participação e envolvimento das
famílias na vida escolar dos filhos
Segundo Lima (1992),
existem três tipos de participação: a participação
activa, em que há uma postura de grande envolvimento, por parte dos pais,
na organização individual e colectiva; a participação
reservada, em que os pais têm uma actividade menos voluntária aguardando a
tomada de decisões; e a participação
passiva, em que há comportamentos e atitudes por parte da família de
desinteresse, falta de informação e apatia.
Vantagens da participação e envolvimento
das famílias na vida escolar dos filhos
Entendemos, por
exemplo, que o envolvimento dos pais na vida escolar dos educandos aumenta a
motivação dos mesmos pelo estudo, ajuda os pais a compreenderem o esforço que é
feito pelos professores e ajuda os pais a desempenharem os seus papéis
(Marques, 2001). Assim, o envolvimento familiar faz com que o trabalho do
professor seja mais facilitado, uma vez que comunicação entre os pais e os
professores será mais positiva.
Partilhamos
da opinião de Alves e Leite (2005), de que ‘’A
cooperação escola – família – comunidade exige vontade, tempo, perseverança (…)
é uma das condições essenciais para que os processos de ensino e de
aprendizagem sejam mais ricos (…) para que sejam melhores os resultados dos
alunos’’.
Dicas
para promover a relação escola-família
1. Em
primeiro lugar, é fundamental melhorar/aperfeiçoar o domínio comunicacional. Ou
seja, é crucial que os professores utilizem uma linguagem acessível a todos;
2. É
importante que as escolas marquem as reuniões com os pais e encarregados de
educação para depois das 16 horas, facilitando a comparência de todos, visto
que muitos pais e encarregados de educação são funcionários públicos ou têm
outras ocupações;
3. As
escolas devem criar um espaço adequado para receberem os pais/encarregados de
educação;
4. As
escolas devem introduzir novos instrumentos de comunicação como o telefone ou
através de visitas domiciliárias, principalmente para os pais mais ausentes,
criar equipas que façam a ponte entre a escola e a família (psicólogo,
sociólogo, assistente social, pais voluntários, etc).
5. As
escolas devem incentivar os pais/encarregados de educação a reponderem questionários
sobre o funcionamento da escola e o progresso de seus filhos.
Obstáculos
na relação escola-família
Na perspetiva de
Marques (2001), pode-se considerar quatro tipos de obstáculos: a
tradição de separação entre a família e escola; a culpabilização dos pais pelas
dificuldades inerentes dos educandos, as estruturas familiares
e os
constrangimentos culturais.
A relação que existe
entre a família e a escola sempre foi um “assunto polémico”, uma vez que a
escola culpa os pais pela “ignorância passiva” e por outro lado, a família
culpa os professores por “hostilizarem as perceções” dos mesmos.
Para além disso,
segundo Sarmento e Marques (2002, p. 32), esta influência já vem de há alguns
anos atrás, uma vez que “a educação era, assim, monopólio da escola e do poder
centralizado e andava de costas voltadas a tudo o que acontecia na comunidade”.
Segundo Marques (2001),
outro obstáculo ao envolvimento dos pais na escola, é o receio dos professores
que esse envolvimento se transforme num instrumento de controlo das suas
práticas pedagógicas.
Aliado
a este facto, estão as expetativas dos professores face às famílias, tendo em
conta um modelo ideal de família, pois estes esperam que as mesmas compreendam
a funcionalidade da escola, facilitando assim a participação. Contudo, este factor
leva a que os outros pais sejam vistos como desinteressados pela vida escolar
dos educandos.
Para Davies (1989), a
classe social das famílias dificulta o processo de envolvimento dos pais.
Muitos são os pais que
geralmente são da opinião que é responsabilidade da escola educar os filhos,
encarregando o professor para esse papel, descartando-se da responsabilidade de
serem os primeiros e permanentes educadores (Sousa e Sarmento, 2010).
Outra
barreira para uma relação escola-família positiva, é a forma como as escolas
funcionam e estão organizadas, ou seja, pela sua forma rígida e centralizada de
intervir. Esta barreira potencia a “desadequação dos espaços e dos horários de
atendimento aos pais; a falta de um espaço gerido por estes, onde se possam
encontrar informalmente e planificar a sua intervenção; a falta de formação
especializada dos professores, sobretudo dos diretores de turma, para se
relacionarem com as famílias e as comunidades; o uso de uma linguagem demasiado
técnica e codificada; o pendor altamente burocrático do seu funcionamento e o
‘fechamento’ à intervenção, opinião e crítica externa” (Sousa e Sarmento, 2010,
p.151).
Conclusão
Podemos
concluir que a família é um pilar de extrema importância na educação de uma
Nação, e a sua relação com a escola encontra-se ligada às mudanças sociais.
Portanto, se não existirem famílias bem constituídas, nem escolas bem
organizadas, não se encontrarão pessoas civilizadas.
Concluímos
também que a educação da criança compete não só aos professores, mas a todos
aqueles que são modelos de vida social, sendo assim, a família tem de estar
incluída nos processos educativos, esta tem como função completar a escola.
Reiteramos
que, a educação que parte de casa deve ser tida em conta, uma vez que as
atitudes e comportamentos dos nossos alunos são em grande medida o reflexo das
aprendizagens adquiridas em casa. Por isso, as instituições devem incentivar as
famílias a participarem em actividades que possibilitem a educação dos alunos.
Os pais têm de
compreender os filhos, a nível dos comportamentos e atitudes, o que muitas das
vezes não acontece devido à correria do dia-a-dia, os pais ao compreenderem os
filhos devem dialogar com os professores de modo a, em conjunto, solucionar os
problemas dos educandos.
Nos processos de ensino
e aprendizagem, o docente tem de ter em atenção as origens da criança, os
antecedentes e, para que isso aconteça é necessário haver contacto com a
família. É necessário começar a promover a interacção dos pais com a escola
desde o jardim-de-infância, visto que o primeiro contacto social da criança é
com a família, as primeiras aprendizagens dão-se no seio da família. A família
é a primeira fonte de influência, influencia o comportamento, as emoções e a
ética da criança.
Referências bibliográficas
ABREU, Andrade
Ana Cristina. (2012) – A importância da cooperação entre a escola e
família - Um Estudo de Caso. Instituto
Politécnico de Castelo Branco
ABREU, Casanova Daniela Sofia. (2016) – A relação escola-família como potenciadora do
sucesso educativo. Escola
Superior de Educação de Paula Frassinetti. Porto Psicólogos
LIMA,
L. (1992), A escola como organização e a
participação na organização escolar. Braga: Universidade do Minho.
MARQUES, R.
(1991),
A direção de turma: integração escolar e ligação ao meio. Lisboa: Texto
Editora.
MARQUES, R. (2001). Educar com os
pais. Lisboa: Editorial Presença.
Webgrafia
Sem comentários:
Enviar um comentário