sexta-feira, 4 de maio de 2018



Reforço da relação Família, Comunidade e Escola: Normas de convivência na sociedade
A abordagem da temática ‘’reforço da relação família, comunidade e escola: normas de convivência na sociedade’’, remete-nos, primeiramente a análise dos conceitos de família, escola, comunidade.
Assim, entendemos a família como um grupo de pessoas, ligadas por laços consanguíneos ou não, que habitam juntas e mantêm uma relação baseada no afecto e ajuda mútua.
Escola é uma instituição de ensino público ou privado, vocacionada na transmissão do saber cultural sistematizado às novas gerações.
Comunidade é o conjunto de pessoas que vivem numa determinada área, sob um governo comum e que partilham uma herança cultural e histórica.
Importa-nos aqui referir que tanto a família quanto a escola, são dois contextos de desenvolvimento do indivíduo. Isto quer dizer que a família e a escola compartilham funções sociais, políticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam fortemente a formação integral do indivíduo e sua inserção na sociedade.
Segundo (Tavares, 1992), “o desenvolvimento da criança é o resultado de interacções complexas entre os diferentes sistemas ecológicos de que a criança é parte”, quer seja a família, a escola ou outras instituições. Neste sentido, todas as famílias têm aspectos contributivos para o desenvolvimento da criança, cabendo à escola reforçá-los. Isto leva-nos a afirmar que, quando há um envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos, estes apresentam maior aproveitamento e desenvolvem melhor as suas capacidades intelectuais e comportamentais. Portanto, a escola deve manter sempre um diálogo vivo e permanente com todos os intervenientes no processo de formação e orientação dos alunos. Deste modo, Marques (1991 p. 68) afirma que “pais que se envolvem na educação dos próprios filhos e que comunicam de forma positiva com os professores, tendem a encarar o professor com mais simpatia e apreço”. A colaboração das famílias na escola constitui um factor fundamental para o desenvolvimento das crianças.
Segundo Sampaio, (1996) os pais, actualmente, estão extremamente ocupados, e não têm ‘’tempo’’ para dar atenção aos filhos, acabando muitas vezes por se esquecerem de que a escola não pode educar sem o apoio dos pais/encarregados de educação e precisa da ajuda e participação/cooperação da família para auxiliar os alunos a superarem as suas dificuldades e, assim, evoluírem de forma saudável. Desta forma, pode-se afirmar que a colaboração dos pais é de grande importância dentro da escola. Também é preciso salientar que a colaboração entre a família e a escola, por vezes, altera consoante os graus de ensino, as diferentes idades das crianças, como também as expectativas dos pais e dos professores e os seus objectivos.
Ficamos, assim, com a ideia presente que valorizar e estimular os pais à participação, bem como desenvolver estratégias de colaboração/cooperação envolvendo a família, as crianças, a escola e também a comunidade em que se está inserido, poderá ser ― a linha orientadora para ajudar todas as crianças a desenvolverem-se e a integrarem-se na sociedade da qual fazem parte por inerência de vida.
A relação escola – família – comunidade será melhor se a escola abrir as suas portas à família e à comunidade, dando-lhes espaço e oportunidade para participarem de forma activa no processo de ensino e aprendizagem. Assim, ao participarem/envolverem estarão a velar pelos seus interesses e dos seus filhos (e de alguma forma contribuir para uma melhor sociedade).
A parceria/escola família implica a noção de educação inclusiva e participação por todos os agentes educativos. Deverá, assim, haver um envolvimento efectivo entre a escola e a família, de modo a haver um maior conhecimento, compreensão e acompanhamento.

Tipos de participação e envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos
Segundo Lima (1992), existem três tipos de participação: a participação activa, em que há uma postura de grande envolvimento, por parte dos pais, na organização individual e colectiva; a participação reservada, em que os pais têm uma actividade menos voluntária aguardando a tomada de decisões; e a participação passiva, em que há comportamentos e atitudes por parte da família de desinteresse, falta de informação e apatia.

Vantagens da participação e envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos
Entendemos, por exemplo, que o envolvimento dos pais na vida escolar dos educandos aumenta a motivação dos mesmos pelo estudo, ajuda os pais a compreenderem o esforço que é feito pelos professores e ajuda os pais a desempenharem os seus papéis (Marques, 2001). Assim, o envolvimento familiar faz com que o trabalho do professor seja mais facilitado, uma vez que comunicação entre os pais e os professores será mais positiva.
            Partilhamos da opinião de Alves e Leite (2005), de que ‘’A cooperação escola – família – comunidade exige vontade, tempo, perseverança (…) é uma das condições essenciais para que os processos de ensino e de aprendizagem sejam mais ricos (…) para que sejam melhores os resultados dos alunos’’.

Dicas para promover a relação escola-família
1.      Em primeiro lugar, é fundamental melhorar/aperfeiçoar o domínio comunicacional. Ou seja, é crucial que os professores utilizem uma linguagem acessível a todos;
2.      É importante que as escolas marquem as reuniões com os pais e encarregados de educação para depois das 16 horas, facilitando a comparência de todos, visto que muitos pais e encarregados de educação são funcionários públicos ou têm outras ocupações;
3.      As escolas devem criar um espaço adequado para receberem os pais/encarregados de educação;
4.      As escolas devem introduzir novos instrumentos de comunicação como o telefone ou através de visitas domiciliárias, principalmente para os pais mais ausentes, criar equipas que façam a ponte entre a escola e a família (psicólogo, sociólogo, assistente social, pais voluntários, etc).
5.      As escolas devem incentivar os pais/encarregados de educação a reponderem questionários sobre o funcionamento da escola e o progresso de seus filhos.

Obstáculos na relação escola-família
Na perspetiva de Marques (2001), pode-se considerar quatro tipos de obstáculos: a tradição de separação entre a família e escola; a culpabilização dos pais pelas dificuldades inerentes dos educandos, as estruturas familiares e os constrangimentos culturais.
A relação que existe entre a família e a escola sempre foi um “assunto polémico”, uma vez que a escola culpa os pais pela “ignorância passiva” e por outro lado, a família culpa os professores por “hostilizarem as perceções” dos mesmos.
Para além disso, segundo Sarmento e Marques (2002, p. 32), esta influência já vem de há alguns anos atrás, uma vez que “a educação era, assim, monopólio da escola e do poder centralizado e andava de costas voltadas a tudo o que acontecia na comunidade”.
Segundo Marques (2001), outro obstáculo ao envolvimento dos pais na escola, é o receio dos professores que esse envolvimento se transforme num instrumento de controlo das suas práticas pedagógicas.
Aliado a este facto, estão as expetativas dos professores face às famílias, tendo em conta um modelo ideal de família, pois estes esperam que as mesmas compreendam a funcionalidade da escola, facilitando assim a participação. Contudo, este factor leva a que os outros pais sejam vistos como desinteressados pela vida escolar dos educandos.
Para Davies (1989), a classe social das famílias dificulta o processo de envolvimento dos pais.
Muitos são os pais que geralmente são da opinião que é responsabilidade da escola educar os filhos, encarregando o professor para esse papel, descartando-se da responsabilidade de serem os primeiros e permanentes educadores (Sousa e Sarmento, 2010).
Outra barreira para uma relação escola-família positiva, é a forma como as escolas funcionam e estão organizadas, ou seja, pela sua forma rígida e centralizada de intervir. Esta barreira potencia a “desadequação dos espaços e dos horários de atendimento aos pais; a falta de um espaço gerido por estes, onde se possam encontrar informalmente e planificar a sua intervenção; a falta de formação especializada dos professores, sobretudo dos diretores de turma, para se relacionarem com as famílias e as comunidades; o uso de uma linguagem demasiado técnica e codificada; o pendor altamente burocrático do seu funcionamento e o ‘fechamento’ à intervenção, opinião e crítica externa” (Sousa e Sarmento, 2010, p.151).

Conclusão
Podemos concluir que a família é um pilar de extrema importância na educação de uma Nação, e a sua relação com a escola encontra-se ligada às mudanças sociais. Portanto, se não existirem famílias bem constituídas, nem escolas bem organizadas, não se encontrarão pessoas civilizadas.
Concluímos também que a educação da criança compete não só aos professores, mas a todos aqueles que são modelos de vida social, sendo assim, a família tem de estar incluída nos processos educativos, esta tem como função completar a escola.
Reiteramos que, a educação que parte de casa deve ser tida em conta, uma vez que as atitudes e comportamentos dos nossos alunos são em grande medida o reflexo das aprendizagens adquiridas em casa. Por isso, as instituições devem incentivar as famílias a participarem em actividades que possibilitem a educação dos alunos.
Os pais têm de compreender os filhos, a nível dos comportamentos e atitudes, o que muitas das vezes não acontece devido à correria do dia-a-dia, os pais ao compreenderem os filhos devem dialogar com os professores de modo a, em conjunto, solucionar os problemas dos educandos.
Nos processos de ensino e aprendizagem, o docente tem de ter em atenção as origens da criança, os antecedentes e, para que isso aconteça é necessário haver contacto com a família. É necessário começar a promover a interacção dos pais com a escola desde o jardim-de-infância, visto que o primeiro contacto social da criança é com a família, as primeiras aprendizagens dão-se no seio da família. A família é a primeira fonte de influência, influencia o comportamento, as emoções e a ética da criança.

Referências bibliográficas
ABREU, Andrade Ana Cristina. (2012) – A importância da cooperação entre a escola e família - Um Estudo de Caso. Instituto Politécnico de Castelo Branco
ABREU, Casanova Daniela Sofia. (2016) – A relação escola-família como potenciadora do sucesso educativo. Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. Porto Psicólogos
LIMA, L. (1992), A escola como organização e a participação na organização escolar. Braga: Universidade do Minho.
MARQUES, R. (1991), A direção de turma: integração escolar e ligação ao meio. Lisboa: Texto Editora.
MARQUES, R. (2001). Educar com os pais. Lisboa: Editorial Presença.

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