PRINCIPAIS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
EM PSICOLOGIA
No
capítulo anterior, conceituou-se a Psicologia como ‘’ciência do
comportamento’’. A primeira vista, este conceito parece excluir do âmbito de
estudo da Psicologia os processos internos como sentimentos, pensamentos e
outros. Para se evitarem estas e outras interpretações erróneas, enfatizamos
que o ‘’comportamento’’ é entendido como toda e qualquer actividade do
organismo, observável ou não.
A
psicologia interessa-se por todo tipo de comportamento, mas pretende estudá-los
na medida em que são descritíveis, isto é, alguns serão estudados directamente
e outros de modo indirecto, tal como se manifestam através do comportamento
observável.
Tal
procedimento se justifica pela necessidade de se entender ao critério
científico da objectividade. Para isso, além de serem observáveis, os
comportamentos devem ser, preferencialmente, passíveis de observação pública, isto é, observáveis por mais de
uma pessoa.
Os
dados obtidos apenas pelos depoimentos introspectivos são bastante
questionáveis. As pessoas quando relatam suas experiências internas, podem,
deliberadamente ou não, ocultar alguns dados ou, então, não serem capazes de
relatar adequadamente os acontecimentos.
A
Psicologia, consciente de todas estas dificuldades, busca, na medida do
possível, usar procedimentos objectivos na colecta dos dados, o que permitirá
conclusões válidas sobre o comportamento. No entanto, nem sempre isto será
possível e, as vezes será necessário combinar a descrição subjectiva da
experiência com a observação directa da conduta.
2.1
– Etapas E Variáveis Da Pesquisa
As
pesquisas em Psicologia seguem, de maneira geral, uma sequência típica de
etapas. Em primeiro lugar, o investigador escolhe
o tema da investigação. Logo a seguir delimita
o tema que quer investigar.
Este
problema envolve duas ou mais variáveis
e é a respeito das relações entre elas que o estudioso está interessado.
Um
exemplo de problema poderia ser: ‘’na escola, o trabalho em grupo promove uma
aprendizagem mais rápida do que o trabalho individual?’’ ou então, ‘’a vitamina
X aumenta a inteligência das crianças?’’
A
seguir, é formulada uma hipótese a
respeito do problema.
A
hipótese pode ser entendida como uma explicação sugerida para o problema
levantado e que será, então, corroborada ou refutada pela pesquisa.
Nos
exemplos dados, as hipóteses poderiam ser formuladas assim: ‘’Na escola, o
trabalho em grupo resulta numa aprendizagem mais rápida do que o trabalho
individual’’, e ‘’A vitamina X aumenta a inteligência das crianças’’.
O
investigador em Psicologia está sempre interessado num tipo ou aspecto do
comportamento e as hipóteses que formula, procuram estabelecer as condições
antecedentes deste comportamento. (4)
No
caso do comportamento humano ou animal, as condições antecedentes são muitas,
complexas e frequentemente inter-relacionadas.
Nessas
condições se incluem as variáveis
ambientais, como luz, som,
temperatura, presença de outras pessoas, etc. e as variáveis da pessoa, como
idade, sexo, inteligência, motivação, fadiga, experiências anteriores, etc.
É
possível perceber a dificuldade e enormidade na tarefa do psicólogo
investigador em estabelecer as condições responsáveis pelo comportamento.
Em
geral, a condição que se supõe ser a causadora ou influenciadora do
comportamento é chamada de variável
independente. (5)
O
comportamento que está sendo estudado e que, se supõe ser afectado pelas
variações da variável independente, é denominado variável dependente.
Assim,
nos estudos em Psicologia, quase sempre a variável dependente é um tipo
particular de comportamento (resposta) e a independente é uma variável do
ambiente ou do sujeito.
Nos
exemplos acima, o tipo de trabalho desenvolvido na escola (em grupos ou
individual) e o medicamento X são as variáveis independentes das respectivas
hipóteses, enquanto que a rapidez na aprendizagem e a inteligência das crianças
são as variáveis dependentes.
São
numerosos os procedimentos empregados pela Psicologia científica para testar as
hipóteses, isto é, para obter informações sobre o comportamento.
Parece
ser possível descrevê-los como combinações ou variações de cinco métodos
básicos: a experimentação, a observação,
os testes, os levantamentos e os
estudos de caso.
________________________
(4) Elaine
Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto.
Psicologia Geral, 33ª edição, p. 38
(5) Ibid.
p. 39
Experimentação
O
objectivo básico da abordagem experimental em qualquer ciência é descobrir as condições antecedentes
necessárias para que um evento possa ocorrer, ou seja, compreender as relações causais envolvidas nos fenómenos sob
investigação.
Experimentar
consiste em provocar a actividade do sujeito, criando as condições entre as
quais pode manifestar-se o fenómeno psicológico. Tem por objectivo comprovar ou verificar uma ou mais hipóteses;
Define-se a hipótese
como uma suposição ou probabilidade entre dois factos.
Experimentar
é provocar o fenómeno que se quer estudar, sob condições controladas, isto é,
manter sob controle todas as condições relevantes que possivelmente estejam
relacionadas ao evento. (6)
Controlar
significa tanto eliminar a possibilidade de uma condição, influenciar o evento,
quanto manter esta influência constante ou, ainda, promover uma variação
sistemática da condição.
O
método experimental caracteriza-se pelo controlo de variáveis. Busca determinar
o efeito de uma condição particular (variável independente) sobre um
determinado evento (variável dependente) limitando ou eliminando os efeitos de
outras condições relevantes (variáveis de controle).
Assim,
sob um controle bem feito, uma alteração na variável dependente pode ser
atribuída a uma mudança na variável independente, já que os efeitos de outras
variáveis importantes foram mantidos constantes ou nulos.
Suponhamos
que um pesquisador utilize a experimentação para testar a hipótese que ‘’o
medicamento X aumenta a inteligência das crianças’’.
Ele
poderia administrar a droga a um grupo de crianças durante um determinado
período e testar sua inteligência depois disto. Os resultados poderiam ser
comparados com os anteriormente obtidos e um eventual aumento nos escores
poderiam ser detectados.
No
entanto, como poderia ter ele a certeza de que este efeito é devido a droga?
Outros factores poderiam ter actuados, como a alimentação, as experiências
escolares e outros.
Para
testar o efeito da droga, ele deverá manter constantes todos os outros
factores, para que eles não venham a interferir na eventual diferença
observada.
Assim,
poderá formar três grupos de crianças equiparados quanto ao número de sujeitos,
idade, sexo, classe social, etc., e procurar proporcionar a todos eles a mesma
alimentação, experiências escolares, etc.
________________________
(6) Elaine
Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto.
Psicologia Geral, 33ª edição, p. 40
A
um dos grupos seria administrado regularmente o medicamento X, ao outro poderia
ser administrado um placebo, isto é, no caso, um medicamento de aparência
idêntica ao medicamento X mas sem efeito algum, do tipo ‘’pílula de açúcar’’ e,
finalmente, ao terceiro não seria administrado medicamento algum.
A
existência do segundo grupo é necessária já que uma eventual diferença nos
escores do teste poderia ser devido a efeito psicológico (motivação,
autoconfiança, etc.). Por se estar ingerido uma droga que se acredita eficaz.
Neste
exemplo, o controle de variáveis como sexo, idade, classe social, etc., foi
feito por equiparação dos sujeitos nos diferentes grupos. As variáveis como:
alimentação, as experiências escolares, etc., foram mantidas constantes,
proporcionando-as igualmente aos três grupos. Os efeitos de variáveis como motivação
e autoconfiança serão controlados através do procedimento adotado com o segundo
plano, onde estas variáveis são introduzidas também como independentes.
Estas
são as maneiras mais frequentemente utilizadas pelos psicólogos para fazer
controle de variáveis.
Chama-se
grupo experimental àquele onde se
introduz o procedimento experimental, isto é, àquele que sofrerá os efeitos da
variável independente. Grupo de controle
é aquele que só difere do experimental pela ausência desta variável.
O
método experimental é, dentre os métodos de pesquisa, o que oferece o mais alto
grau de certeza na conclusão, dadas as condições de controle.
A
possibilidade de repetição do estudo é, também, uma importante vantagem da
experimentação.
O
método de experimentação apresenta ainda outras características, etapas
vantagens e desvantagens.
Observação
Os
métodos de observação podem ser subdivididos em dois tipos: os de observação
naturalista e os de observação controlada.
O
investigador que utiliza a observação naturalista deve unicamente observar, sem
interferir no comportamento que está observando. Esta observação envolve,
portanto, o estudo do comportamento natural, espontâneo, ocorrendo no ambiente
real da vida quotidiana.
Este
método mostra-se especialmente indicado para o estudo de certos tipos de
conduta, como a infantil, a social, os costumes de pessoas de culturas
diferentes, enfim, todos os comportamentos que numa situação diferente da
quotidiana, ou não ocorreriam ou seriam tão artificiais que nenhuma conclusão
válida poderia ser obtida da sua observação.
A
observação naturalista é o método básico de praticamente todas as ciências, em
seus primeiros estágios de desenvolvimento, e permite estabelecer a incidência
relativa de vários tipos de comportamento. No caso de um mesmo comportamento
ser comparado ao de diversas amostras de características diferentes, poderão
vir a ser estabelecidas relações gerais.
O
principal atractivo do método de observação naturalista consiste no facto de
possibilitar conclusões com um elevado grau de generalização, já que estuda
comportamentos espontâneos em situações reais.
Contudo,
esta mesma característica introduz no método sua principal deficiência, visto
que o observador não possui controle algum sobre as inúmeras variáveis que
influenciam o comportamento dos sujeitos em qualquer etapa da observação.
Assim,
o estudioso muitas vezes nada pode concluir a respeito da variável ou variáveis
que exerceram uma influência causal sobre o comportamento observado.
Além
disso, o método costuma requerer muito tempo. Frequentemente são necessárias
horas de observação para que se possa perceber fragmentos de comportamento,
como, por exemplo: agressão numa criança em uma determinada situação. Há que se
aguardar, as vezes, muito tempo para que o mesmo comportamento se repita, em
condições semelhantes. Aceita-se, igualmente, o risco de que o comportamento
desejado nunca ocorra no indivíduo ou indivíduos observados.
Uma
outra dificuldade é uma risco de subjectividade, isto é, a tendência humana
universal de perceber o que se quer perceber e não o que realmente acontece.
Para
minimizar este risco e outros problemas, os pesquisadores costumam colocar em
prática alguns procedimentos que aumentam a precisão do método, como:
1
- Treinamento prévio dos observadores (pessoas treinadas têm mais chances de
perceber os factos quando se dão);
2
- Actuação simultânea de vários observadores (o que permite averiguar a
concordância ou discordância das observações);
3
- Observação de um único tipo de comportamento por vez (a observação de todos
os tipos de comportamento não será tão precisa);
4
- Definição detalhada e objectiva do comportado a ser observado (o que pode
evitar muita discordância entre observadores);
5
- Amostragem de tempo (isto é, determinar períodos, em geral curtos e variados,
em que deve ser efectuada a observação);
6
- Registro, o mais complexo possível, e análise dos dados quantitativos (o que
confere maior objectividade) e,
7
- Utilização de aparelhagem auxiliar para a observação (como gravadores e
filmadoras que podem registrar os dados de maneira mais completa e objectiva
que o ser humano).
A
observação também pode ser feita mantendo-se um certo grau de controle sobre o
meio em que o comportamento ocorre. Neste caso, denomina-se observação controlada.
A
principal vantagem da observação controlada é a possibilidade de limitar a
influência das variáveis extrínsecas sobre o comportamento ou de introduzir
deliberadamente uma variação no meio para avaliar o seu efeito sobre o
comportamento em estudo.
Num
estudo de observação controlada, o pesquisador pode esconder-se atrás de um
espelho unidireccional e minimizar as possíveis influências de sua presença
sobre o comportamento do observado.
É
o que costumam fazer os pesquisadores que estudam a reacção infantil a
situações estranhas e pessoas desconhecidas. Em geral, a mãe e o bebé são
introduzidos numa sala equipada com dispositivos de visão unilateral. O bebé é
colocado no chão onde são espalhados previamente muitos brinquedos e a mãe
permanece sentada numa cadeira, na mesma sala. O comportamento exploratório do
bebé é observado e registrado através do vidro unilateral e, a um sinal do
investigador, a mãe sai da sala, deixando a criança sozinha no ambiente
estranho. Também é possível fazer com que um estranho entre na sala, com a mãe
presente ou ausente.
Estudos
que empregam estes procedimentos concluem que a presença da mãe tem um efeito
facilitador sobre o comportamento exploratório do bebé, enquanto que a presença
de uma pessoa estranha tem um efeito inibidor (McGURK, 1976, p. 95-96), citado por
Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 46.
O
método de observação controlada tem muito em comum com o da observação
naturalista, sendo também sua principal vantagem o comportamento espontâneo.
Além disso, ao possibilitar algum controle sobre as variáveis ambientais,
permite conclusões mais fidedignas a respeito da influência de certos factores
sobre o comportamento observado.
Ao
mesmo tempo, porém, o facto de o ambiente ser quase sempre estranho ao sujeito
pode promover comportamentos típicos (apesar de espontâneos), o que limitaria o
grau de generalização das conclusões.
Levantamento
Método
também denominado de ‘’estudo exploratório’’.
Os
psicólogos interessados em estudar os costumes sociais, as variações nos
costumes de uma cultura para outra, preferências de um público consumidor,
determinadas atitudes de uma população, e outras questões, adoptam um método
parecido com os usados pelos sociólogos, antropólogos culturais e economistas.
Fazem entrevistas ou aplicam questionários e, assim, são capazes de obter
informações muito significativas sobre uma determinada população e, mesmo de
demonstrar relações existentes entre o comportamento caracterizado e os
factores ou comportamentos.
O
pesquisador decide, antecipadamente, a respeito do comportamento que quer
investigar e simplesmente pergunta às pessoas como elas se comportam, como se
sentem, do que gostam, etc.
As
questões do instrumento utlizado (roteiro de entrevista, questionário ou escala
de atitudes) deverão ser muito bem elaboradas, para não ter sentido ambíguo e
nem induzir as respostas.
Outro
cuidado especial deve ser tomado quanto à escolha das pessoas que serão
incluídas no levantamento, pois elas precisam ser uma amostra realmente
representativa da população inteira.
As
pesquisas sobre atitudes sociais fornecem bons exemplos de levantamento ou
estudo exploratório.
O
estudo de Hyman e Sheatsley (1954, descrito por HENNEMAN, 1974, p. 69-70),
citados por Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 47, utilizou
uma escala que media autoritarismo para mostrar a relação entre esta
característica e o nível educacional. O estudo concluiu que indivíduos com o
curso universitário são em geral, mais liberais em seus pontos de vista do que
as pessoas que têm apenas educação elementar. Estas revelam maior tendência para
o autoritarismo
É
preciso não se deixar levar pela aparente conclusão que o nível educacional
determina o autoritarismo. As duas variáveis estão apenas relacionadas; muitos
outros factores como: nível socioeconómico, educação familiar, etc., contribuem
para a formação do autoritarismo.
Em
outras palavras, os levantamentos podem oferecer correlações, isto é, podem
mostrar que duas variáveis estão relacionadas, mas não estabelecem qual delas é
a causa e qual é o efeito.
Pelo
método de levantamento, por exemplo, demonstrou-se existir uma relação positiva
entre saúde mental e casamento, mas, isto não nos diz se a saúde mental
determina ou é determinada pelo casamento.
Esta
ausência de relação causal é uma das principais limitações do método, mas
outras poderiam ser apontadas, como por exemplo, o risco que sempre se corre das
pessoas selecionadas para compor a amostra se recusarem a oferecer informações
ou de distorcerem-nas.
Não
se deve desprezar também, a possibilidade da distorção ocorrer por efeito do
comportamento do próprio pesquisador.
Apesar
destes problemas, o levantamento, quando combina entrevista e questionário,
pode ser mais objectivo, útil para se extrair conclusões sobre um grande número
de pessoas, além de ser um método relativamente rápido e barato (7).
________________________
(7) Elaine
Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto. Psicologia
Geral, 33ª edição, p. 47
Teste
Elaine
Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 47, afirmam que costuma-se
classificar os testes psicológicos em dois grandes grupos:
1º - Os que exigem da
pessoa o seu desempenho máximo, chamados de testes de capacidade ou de realização;
2º - Os que solicitam
respostas em termos de comportamento costumeiro, denominados testes de personalidade.
Entre
os primeiros (testes de
capacidade ou de realização) estão os testes
de inteligência e aptidões específicas
como, por exemplo, raciocínio espacial,
mecânico, habilidade numérica, rapidez, atenção e outros.
São
avaliadas pelos testes de personalidade características como atitudes,
interesses e traços de personalidade em geral.
Os
testes de capacidade são considerados mais objectivos que os de personalidade,
já que não dependem do que o indivíduo está disposto a relatar sobre si mesmo.
Indicam o que o indivíduo pode fazer (e não o que ele afirma que pode realizar)
e como são tarefas padronizadas, sempre contém instruções para sua aplicação e
interpretação.
Sob
condições controladas, apresenta-se a cada sujeito uma serie idêntica de
estímulos, que são os itens do teste. As respostas são avaliadas objectivamente
já que existem critérios predeterminados para isso.
Como
também se costuma chamar de testes aos questionários e escalas, usados no
método de levantamento, alguns autores consideram o levantamento como uma
modalidade do método de testes (ver, por exemplo, EDWARDS, 1973, p. 19-20).
Um
bom teste é o que possui um alto grau de fidedignidade ou precisão, isto é, é
aquele que permite encontrar o mesmo resulta em aplicações diferentes, para um
mesmo indivíduo e, além disso, é o que possui também um alto grau de validade,
ou seja, é um instrumento que realmente mede o que diz medir.
NB: não
se deve pensar que só existem testes de lápis e papel. Muitos são os testes que
empregam outros materiais ou que exigem do sujeito respostas orais ou outras reacções
que não se escrevem.
Os
testes têm muitos empregos, mas os principais são: predizer o êxito futuro em
uma actividade (como escola ou trabalho), ajuizar sobre a presença actual de
determinadas proficiências e diagnosticar desajustes comportamentais.
As
vantagens mais apontadas do método de testes são a objectividade e o
relativamente pequeno tempo necessário para se chegar aos resultados finais.
No
entanto, apesar destas vantagens, o método tem limitações. Não são todos os
apectos do comportamento passíveis de mensuração por teste. Alguns testes, como
os de personalidade, estão sujeitos a fraude e má interpretação dos itens.
Outros erros podem ser devidos a má aplicação.
Um
problema comum entre os testes, é que eles costumam ser vistos como ‘’fórmulas
mágicas’’ para se saber coisas sobre as pessoas e, a partir dos resultados de
um teste, as pessoas são ‘’rotuladas’’.
Pode-se
imaginar os muitos efeitos negativos de um ‘’rótulo’’, como na formação da
personalidade de uma criança, por exemplo.
Além
disso, uma deficiência marcante deste método é que ele interfere no
comportamento a ser avaliado, visto que os estímulos e situações de escolhas
são fornecidos pelo investigador. Isto pode resultar em certa soma de
artificialismo no comportamento e, assim, a possibilidade de generalização dos
resultados fica limitada.
Estudo
de caso
O
estudo de caso (ou histórico de caso, ou método clínico) tem como objectivo
primordial ajudar pessoas com algum tipo de problema. Inicialmente, o psicólogo
clínico não está interessado em formular princípios gerais do comportamento,
mas sim em avaliar correctamente as dificuldades particulares do indivíduo para
poder ajudá-lo, apoiado, é claro, em modelos teóricos adequados.
Para
auxiliar o indivíduo, o psicólogo colecta informações sobre ele. As informações
são provenientes principalmente de entrevistas, mas também poderão ser
utilizados testes e observação. Todos os dados, incluindo a história passada do
indivíduo, seu exame físico e ficha clínica, informações a respeito de ralações
familiares, dificuldades anteriores, etc., constituirão a base para o diagnóstico
da dificuldade a que o psicólogo chegará sozinho ou junto a uma equipa (que
pode incluir assistentes sociais, métodos e outros psicólogos).
A
abordagem clínica, apesar de não objectivar primeiramente as leis gerais do
comportamento, pode chegar a elas através da comparação de um grande numero de
estudos de casos semelhantes segundo algum aspecto importante.
Costuma-se
apontar como principal valor do estudo de caso o facto de ser o único aplicável
para se estudar o comportamento desajustado.
Realmente
foi com a utilização básica deste método que Freud chegou à importantes
generalizações sobre o comportamento humano que fundamentam a psicanálise.
Alguns
psicólogos, no entanto, afirmam que este método não é rigorosamente científico
visto que lida com comportamentos não repetíveis, não se encontra nele controle
e nem a possibilidade de quantificação.
Além
disso, a subjectividade se faz presente de maneira marcante, visto que o
diagnóstico do caso está sujeito a interpretação individual do psicólogo,
baseando-se na sua própria experiência e tendências teóricas.
Apesar
destas dificuldades todas, o método de estudo de caso tem se mostrado útil e
continuará sendo utilizado, mas seria desejável que se introduzisse, sempre que
possível, técnicas de estudo que lhe conferissem maior produtividade e
concordância nos procedimentos de diagnóstico e terapia.
2.2
– A Estatística Em Psicologia
A
Psicologia, assim como qualquer ciência, envolve a mensuração dos fenómenos e
disto costumam resultar dados numéricos. Por exemplo, número de vezes que um
comportamento foi observado, diferença de pontos entre dois grupos
experimentais, frequência de uma resposta em um levantamento ou testes, etc.
Para
lidar com estes números, o psicólogo vale-se da estatística.
Parece
ser possível apontar duas finalidades principais do emprego da estatística pela
Psicologia: 1ª – a descrição e, 2ª – a interpretação dos dados colectados pela
pesquisa.
A
estatística descritiva auxilia o psicólogo a organizar os dados em tabelas, e a
representá-los graficamente, a calcular as medidas de tendência central, etc.
A
estatística inferencial é a que permite interpretar os dados, chegar a
conclusões através deles. Esta análise dos dados, é, sem dúvida, um emprego
importante da estatística em Psicologia, sem o qual não poderia avançar a
ciência como tal.
Elaborado por: Silvestre Galho
Gostei imenso dos conteúdos senhor professor.
ResponderEliminarObrigado, caríssimo Adilson Gonçalves.
EliminarEstamos abertos para críticas e sugestões.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminargostei do blog..
ResponderEliminarMas esperava encontrar conteúdos relacionados a Psicologia do Desenvolvimento...
Ok
EliminarIncluiremos mais alguns conteúdos esse novo ano académico. Mas, agradeço pelo reparo.
Estamos juntos.
gostei da matéria
ResponderEliminarmuito util
ResponderEliminar