domingo, 19 de março de 2017

Principais métodos de investigação em Psicologia

PRINCIPAIS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO EM PSICOLOGIA
No capítulo anterior, conceituou-se a Psicologia como ‘’ciência do comportamento’’. A primeira vista, este conceito parece excluir do âmbito de estudo da Psicologia os processos internos como sentimentos, pensamentos e outros. Para se evitarem estas e outras interpretações erróneas, enfatizamos que o ‘’comportamento’’ é entendido como toda e qualquer actividade do organismo, observável ou não.
A psicologia interessa-se por todo tipo de comportamento, mas pretende estudá-los na medida em que são descritíveis, isto é, alguns serão estudados directamente e outros de modo indirecto, tal como se manifestam através do comportamento observável.
Tal procedimento se justifica pela necessidade de se entender ao critério científico da objectividade. Para isso, além de serem observáveis, os comportamentos devem ser, preferencialmente, passíveis de observação pública, isto é, observáveis por mais de uma pessoa.
Os dados obtidos apenas pelos depoimentos introspectivos são bastante questionáveis. As pessoas quando relatam suas experiências internas, podem, deliberadamente ou não, ocultar alguns dados ou, então, não serem capazes de relatar adequadamente os acontecimentos.
A Psicologia, consciente de todas estas dificuldades, busca, na medida do possível, usar procedimentos objectivos na colecta dos dados, o que permitirá conclusões válidas sobre o comportamento. No entanto, nem sempre isto será possível e, as vezes será necessário combinar a descrição subjectiva da experiência com a observação directa da conduta.

2.1 – Etapas E Variáveis Da Pesquisa
As pesquisas em Psicologia seguem, de maneira geral, uma sequência típica de etapas. Em primeiro lugar, o investigador escolhe o tema da investigação. Logo a seguir delimita o tema que quer investigar.
Este problema envolve duas ou mais variáveis e é a respeito das relações entre elas que o estudioso está interessado.
Um exemplo de problema poderia ser: ‘’na escola, o trabalho em grupo promove uma aprendizagem mais rápida do que o trabalho individual?’’ ou então, ‘’a vitamina X aumenta a inteligência das crianças?’’
A seguir, é formulada uma hipótese a respeito do problema.
A hipótese pode ser entendida como uma explicação sugerida para o problema levantado e que será, então, corroborada ou refutada pela pesquisa.
Nos exemplos dados, as hipóteses poderiam ser formuladas assim: ‘’Na escola, o trabalho em grupo resulta numa aprendizagem mais rápida do que o trabalho individual’’, e ‘’A vitamina X aumenta a inteligência das crianças’’.
O investigador em Psicologia está sempre interessado num tipo ou aspecto do comportamento e as hipóteses que formula, procuram estabelecer as condições antecedentes deste comportamento. (4)
No caso do comportamento humano ou animal, as condições antecedentes são muitas, complexas e frequentemente inter-relacionadas.
Nessas condições se incluem as variáveis ambientais, como luz, som, temperatura, presença de outras pessoas, etc. e as variáveis da pessoa, como idade, sexo, inteligência, motivação, fadiga, experiências anteriores, etc.
É possível perceber a dificuldade e enormidade na tarefa do psicólogo investigador em estabelecer as condições responsáveis pelo comportamento.
Em geral, a condição que se supõe ser a causadora ou influenciadora do comportamento é chamada de variável independente. (5)
O comportamento que está sendo estudado e que, se supõe ser afectado pelas variações da variável independente, é denominado variável dependente.
Assim, nos estudos em Psicologia, quase sempre a variável dependente é um tipo particular de comportamento (resposta) e a independente é uma variável do ambiente ou do sujeito.
Nos exemplos acima, o tipo de trabalho desenvolvido na escola (em grupos ou individual) e o medicamento X são as variáveis independentes das respectivas hipóteses, enquanto que a rapidez na aprendizagem e a inteligência das crianças são as variáveis dependentes.
São numerosos os procedimentos empregados pela Psicologia científica para testar as hipóteses, isto é, para obter informações sobre o comportamento.
Parece ser possível descrevê-los como combinações ou variações de cinco métodos básicos: a experimentação, a observação, os testes, os levantamentos e os estudos de caso.


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(4)     Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto. Psicologia Geral, 33ª edição, p. 38
(5)     Ibid. p. 39


Experimentação
O objectivo básico da abordagem experimental em qualquer ciência é descobrir as condições antecedentes necessárias para que um evento possa ocorrer, ou seja, compreender as relações causais envolvidas nos fenómenos sob investigação.
Experimentar consiste em provocar a actividade do sujeito, criando as condições entre as quais pode manifestar-se o fenómeno psicológico. Tem por objectivo comprovar ou verificar uma ou mais hipóteses;
 Define-se a hipótese como uma suposição ou probabilidade entre dois factos.
Experimentar é provocar o fenómeno que se quer estudar, sob condições controladas, isto é, manter sob controle todas as condições relevantes que possivelmente estejam relacionadas ao evento. (6)
Controlar significa tanto eliminar a possibilidade de uma condição, influenciar o evento, quanto manter esta influência constante ou, ainda, promover uma variação sistemática da condição.                                                         
O método experimental caracteriza-se pelo controlo de variáveis. Busca determinar o efeito de uma condição particular (variável independente) sobre um determinado evento (variável dependente) limitando ou eliminando os efeitos de outras condições relevantes (variáveis de controle).
Assim, sob um controle bem feito, uma alteração na variável dependente pode ser atribuída a uma mudança na variável independente, já que os efeitos de outras variáveis importantes foram mantidos constantes ou nulos.
Suponhamos que um pesquisador utilize a experimentação para testar a hipótese que ‘’o medicamento X aumenta a inteligência das crianças’’.
Ele poderia administrar a droga a um grupo de crianças durante um determinado período e testar sua inteligência depois disto. Os resultados poderiam ser comparados com os anteriormente obtidos e um eventual aumento nos escores poderiam ser detectados.
No entanto, como poderia ter ele a certeza de que este efeito é devido a droga? Outros factores poderiam ter actuados, como a alimentação, as experiências escolares e outros.
Para testar o efeito da droga, ele deverá manter constantes todos os outros factores, para que eles não venham a interferir na eventual diferença observada.
Assim, poderá formar três grupos de crianças equiparados quanto ao número de sujeitos, idade, sexo, classe social, etc., e procurar proporcionar a todos eles a mesma alimentação, experiências escolares, etc.
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(6)     Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto. Psicologia Geral, 33ª edição, p. 40

A um dos grupos seria administrado regularmente o medicamento X, ao outro poderia ser administrado um placebo, isto é, no caso, um medicamento de aparência idêntica ao medicamento X mas sem efeito algum, do tipo ‘’pílula de açúcar’’ e, finalmente, ao terceiro não seria administrado medicamento algum.
A existência do segundo grupo é necessária já que uma eventual diferença nos escores do teste poderia ser devido a efeito psicológico (motivação, autoconfiança, etc.). Por se estar ingerido uma droga que se acredita eficaz.
Neste exemplo, o controle de variáveis como sexo, idade, classe social, etc., foi feito por equiparação dos sujeitos nos diferentes grupos. As variáveis como: alimentação, as experiências escolares, etc., foram mantidas constantes, proporcionando-as igualmente aos três grupos. Os efeitos de variáveis como motivação e autoconfiança serão controlados através do procedimento adotado com o segundo plano, onde estas variáveis são introduzidas também como independentes.
Estas são as maneiras mais frequentemente utilizadas pelos psicólogos para fazer controle de variáveis.
Chama-se grupo experimental àquele onde se introduz o procedimento experimental, isto é, àquele que sofrerá os efeitos da variável independente. Grupo de controle é aquele que só difere do experimental pela ausência desta variável.
O método experimental é, dentre os métodos de pesquisa, o que oferece o mais alto grau de certeza na conclusão, dadas as condições de controle.
A possibilidade de repetição do estudo é, também, uma importante vantagem da experimentação.
O método de experimentação apresenta ainda outras características, etapas vantagens e desvantagens.

Observação
Os métodos de observação podem ser subdivididos em dois tipos: os de observação naturalista e os de observação controlada.
O investigador que utiliza a observação naturalista deve unicamente observar, sem interferir no comportamento que está observando. Esta observação envolve, portanto, o estudo do comportamento natural, espontâneo, ocorrendo no ambiente real da vida quotidiana.
Este método mostra-se especialmente indicado para o estudo de certos tipos de conduta, como a infantil, a social, os costumes de pessoas de culturas diferentes, enfim, todos os comportamentos que numa situação diferente da quotidiana, ou não ocorreriam ou seriam tão artificiais que nenhuma conclusão válida poderia ser obtida da sua observação.
A observação naturalista é o método básico de praticamente todas as ciências, em seus primeiros estágios de desenvolvimento, e permite estabelecer a incidência relativa de vários tipos de comportamento. No caso de um mesmo comportamento ser comparado ao de diversas amostras de características diferentes, poderão vir a ser estabelecidas relações gerais.
O principal atractivo do método de observação naturalista consiste no facto de possibilitar conclusões com um elevado grau de generalização, já que estuda comportamentos espontâneos em situações reais.
Contudo, esta mesma característica introduz no método sua principal deficiência, visto que o observador não possui controle algum sobre as inúmeras variáveis que influenciam o comportamento dos sujeitos em qualquer etapa da observação.
Assim, o estudioso muitas vezes nada pode concluir a respeito da variável ou variáveis que exerceram uma influência causal sobre o comportamento observado.
Além disso, o método costuma requerer muito tempo. Frequentemente são necessárias horas de observação para que se possa perceber fragmentos de comportamento, como, por exemplo: agressão numa criança em uma determinada situação. Há que se aguardar, as vezes, muito tempo para que o mesmo comportamento se repita, em condições semelhantes. Aceita-se, igualmente, o risco de que o comportamento desejado nunca ocorra no indivíduo ou indivíduos observados.
Uma outra dificuldade é uma risco de subjectividade, isto é, a tendência humana universal de perceber o que se quer perceber e não o que realmente acontece.
Para minimizar este risco e outros problemas, os pesquisadores costumam colocar em prática alguns procedimentos que aumentam a precisão do método, como:
1 - Treinamento prévio dos observadores (pessoas treinadas têm mais chances de perceber os factos quando se dão);
2 - Actuação simultânea de vários observadores (o que permite averiguar a concordância ou discordância das observações);
3 - Observação de um único tipo de comportamento por vez (a observação de todos os tipos de comportamento não será tão precisa);
4 - Definição detalhada e objectiva do comportado a ser observado (o que pode evitar muita discordância entre observadores);
5 - Amostragem de tempo (isto é, determinar períodos, em geral curtos e variados, em que deve ser efectuada a observação);
6 - Registro, o mais complexo possível, e análise dos dados quantitativos (o que confere maior objectividade) e,
7 - Utilização de aparelhagem auxiliar para a observação (como gravadores e filmadoras que podem registrar os dados de maneira mais completa e objectiva que o ser humano).
A observação também pode ser feita mantendo-se um certo grau de controle sobre o meio em que o comportamento ocorre. Neste caso, denomina-se observação controlada.
A principal vantagem da observação controlada é a possibilidade de limitar a influência das variáveis extrínsecas sobre o comportamento ou de introduzir deliberadamente uma variação no meio para avaliar o seu efeito sobre o comportamento em estudo.
Num estudo de observação controlada, o pesquisador pode esconder-se atrás de um espelho unidireccional e minimizar as possíveis influências de sua presença sobre o comportamento do observado.
É o que costumam fazer os pesquisadores que estudam a reacção infantil a situações estranhas e pessoas desconhecidas. Em geral, a mãe e o bebé são introduzidos numa sala equipada com dispositivos de visão unilateral. O bebé é colocado no chão onde são espalhados previamente muitos brinquedos e a mãe permanece sentada numa cadeira, na mesma sala. O comportamento exploratório do bebé é observado e registrado através do vidro unilateral e, a um sinal do investigador, a mãe sai da sala, deixando a criança sozinha no ambiente estranho. Também é possível fazer com que um estranho entre na sala, com a mãe presente ou ausente.
Estudos que empregam estes procedimentos concluem que a presença da mãe tem um efeito facilitador sobre o comportamento exploratório do bebé, enquanto que a presença de uma pessoa estranha tem um efeito inibidor (McGURK, 1976, p. 95-96), citado por Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 46.
O método de observação controlada tem muito em comum com o da observação naturalista, sendo também sua principal vantagem o comportamento espontâneo. Além disso, ao possibilitar algum controle sobre as variáveis ambientais, permite conclusões mais fidedignas a respeito da influência de certos factores sobre o comportamento observado.
Ao mesmo tempo, porém, o facto de o ambiente ser quase sempre estranho ao sujeito pode promover comportamentos típicos (apesar de espontâneos), o que limitaria o grau de generalização das conclusões.

Levantamento
Método também denominado de ‘’estudo exploratório’’.
Os psicólogos interessados em estudar os costumes sociais, as variações nos costumes de uma cultura para outra, preferências de um público consumidor, determinadas atitudes de uma população, e outras questões, adoptam um método parecido com os usados pelos sociólogos, antropólogos culturais e economistas. Fazem entrevistas ou aplicam questionários e, assim, são capazes de obter informações muito significativas sobre uma determinada população e, mesmo de demonstrar relações existentes entre o comportamento caracterizado e os factores ou comportamentos.
O pesquisador decide, antecipadamente, a respeito do comportamento que quer investigar e simplesmente pergunta às pessoas como elas se comportam, como se sentem, do que gostam, etc.
As questões do instrumento utlizado (roteiro de entrevista, questionário ou escala de atitudes) deverão ser muito bem elaboradas, para não ter sentido ambíguo e nem induzir as respostas.
Outro cuidado especial deve ser tomado quanto à escolha das pessoas que serão incluídas no levantamento, pois elas precisam ser uma amostra realmente representativa da população inteira.
As pesquisas sobre atitudes sociais fornecem bons exemplos de levantamento ou estudo exploratório.
O estudo de Hyman e Sheatsley (1954, descrito por HENNEMAN, 1974, p. 69-70), citados por Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 47, utilizou uma escala que media autoritarismo para mostrar a relação entre esta característica e o nível educacional. O estudo concluiu que indivíduos com o curso universitário são em geral, mais liberais em seus pontos de vista do que as pessoas que têm apenas educação elementar. Estas revelam maior tendência para o autoritarismo
É preciso não se deixar levar pela aparente conclusão que o nível educacional determina o autoritarismo. As duas variáveis estão apenas relacionadas; muitos outros factores como: nível socioeconómico, educação familiar, etc., contribuem para a formação do autoritarismo.
Em outras palavras, os levantamentos podem oferecer correlações, isto é, podem mostrar que duas variáveis estão relacionadas, mas não estabelecem qual delas é a causa e qual é o efeito.
Pelo método de levantamento, por exemplo, demonstrou-se existir uma relação positiva entre saúde mental e casamento, mas, isto não nos diz se a saúde mental determina ou é determinada pelo casamento.
Esta ausência de relação causal é uma das principais limitações do método, mas outras poderiam ser apontadas, como por exemplo, o risco que sempre se corre das pessoas selecionadas para compor a amostra se recusarem a oferecer informações ou de distorcerem-nas.
Não se deve desprezar também, a possibilidade da distorção ocorrer por efeito do comportamento do próprio pesquisador.
Apesar destes problemas, o levantamento, quando combina entrevista e questionário, pode ser mais objectivo, útil para se extrair conclusões sobre um grande número de pessoas, além de ser um método relativamente rápido e barato (7).
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(7)     Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoletto. Psicologia Geral, 33ª edição, p. 47

Teste
Elaine Maria Braghirolli, Guy Paulo Bisi, et al, p. 47, afirmam que costuma-se classificar os testes psicológicos em dois grandes grupos:
1º - Os que exigem da pessoa o seu desempenho máximo, chamados de testes de capacidade ou de realização;
2º - Os que solicitam respostas em termos de comportamento costumeiro, denominados testes de personalidade.
Entre os primeiros (testes de capacidade ou de realização) estão os testes de inteligência e aptidões específicas como, por exemplo, raciocínio espacial, mecânico, habilidade numérica, rapidez, atenção e outros.
São avaliadas pelos testes de personalidade características como atitudes, interesses e traços de personalidade em geral.
Os testes de capacidade são considerados mais objectivos que os de personalidade, já que não dependem do que o indivíduo está disposto a relatar sobre si mesmo. Indicam o que o indivíduo pode fazer (e não o que ele afirma que pode realizar) e como são tarefas padronizadas, sempre contém instruções para sua aplicação e interpretação.
Sob condições controladas, apresenta-se a cada sujeito uma serie idêntica de estímulos, que são os itens do teste. As respostas são avaliadas objectivamente já que existem critérios predeterminados para isso.
Como também se costuma chamar de testes aos questionários e escalas, usados no método de levantamento, alguns autores consideram o levantamento como uma modalidade do método de testes (ver, por exemplo, EDWARDS, 1973, p. 19-20).
Um bom teste é o que possui um alto grau de fidedignidade ou precisão, isto é, é aquele que permite encontrar o mesmo resulta em aplicações diferentes, para um mesmo indivíduo e, além disso, é o que possui também um alto grau de validade, ou seja, é um instrumento que realmente mede o que diz medir.
NB: não se deve pensar que só existem testes de lápis e papel. Muitos são os testes que empregam outros materiais ou que exigem do sujeito respostas orais ou outras reacções que não se escrevem.
Os testes têm muitos empregos, mas os principais são: predizer o êxito futuro em uma actividade (como escola ou trabalho), ajuizar sobre a presença actual de determinadas proficiências e diagnosticar desajustes comportamentais.
As vantagens mais apontadas do método de testes são a objectividade e o relativamente pequeno tempo necessário para se chegar aos resultados finais.
No entanto, apesar destas vantagens, o método tem limitações. Não são todos os apectos do comportamento passíveis de mensuração por teste. Alguns testes, como os de personalidade, estão sujeitos a fraude e má interpretação dos itens. Outros erros podem ser devidos a má aplicação.
Um problema comum entre os testes, é que eles costumam ser vistos como ‘’fórmulas mágicas’’ para se saber coisas sobre as pessoas e, a partir dos resultados de um teste, as pessoas são ‘’rotuladas’’.
Pode-se imaginar os muitos efeitos negativos de um ‘’rótulo’’, como na formação da personalidade de uma criança, por exemplo.
Além disso, uma deficiência marcante deste método é que ele interfere no comportamento a ser avaliado, visto que os estímulos e situações de escolhas são fornecidos pelo investigador. Isto pode resultar em certa soma de artificialismo no comportamento e, assim, a possibilidade de generalização dos resultados fica limitada.

Estudo de caso
O estudo de caso (ou histórico de caso, ou método clínico) tem como objectivo primordial ajudar pessoas com algum tipo de problema. Inicialmente, o psicólogo clínico não está interessado em formular princípios gerais do comportamento, mas sim em avaliar correctamente as dificuldades particulares do indivíduo para poder ajudá-lo, apoiado, é claro, em modelos teóricos adequados.
Para auxiliar o indivíduo, o psicólogo colecta informações sobre ele. As informações são provenientes principalmente de entrevistas, mas também poderão ser utilizados testes e observação. Todos os dados, incluindo a história passada do indivíduo, seu exame físico e ficha clínica, informações a respeito de ralações familiares, dificuldades anteriores, etc., constituirão a base para o diagnóstico da dificuldade a que o psicólogo chegará sozinho ou junto a uma equipa (que pode incluir assistentes sociais, métodos e outros psicólogos).
A abordagem clínica, apesar de não objectivar primeiramente as leis gerais do comportamento, pode chegar a elas através da comparação de um grande numero de estudos de casos semelhantes segundo algum aspecto importante.
Costuma-se apontar como principal valor do estudo de caso o facto de ser o único aplicável para se estudar o comportamento desajustado.
Realmente foi com a utilização básica deste método que Freud chegou à importantes generalizações sobre o comportamento humano que fundamentam a psicanálise.
Alguns psicólogos, no entanto, afirmam que este método não é rigorosamente científico visto que lida com comportamentos não repetíveis, não se encontra nele controle e nem a possibilidade de quantificação.
Além disso, a subjectividade se faz presente de maneira marcante, visto que o diagnóstico do caso está sujeito a interpretação individual do psicólogo, baseando-se na sua própria experiência e tendências teóricas.
Apesar destas dificuldades todas, o método de estudo de caso tem se mostrado útil e continuará sendo utilizado, mas seria desejável que se introduzisse, sempre que possível, técnicas de estudo que lhe conferissem maior produtividade e concordância nos procedimentos de diagnóstico e terapia.

2.2 – A Estatística Em Psicologia
A Psicologia, assim como qualquer ciência, envolve a mensuração dos fenómenos e disto costumam resultar dados numéricos. Por exemplo, número de vezes que um comportamento foi observado, diferença de pontos entre dois grupos experimentais, frequência de uma resposta em um levantamento ou testes, etc.
Para lidar com estes números, o psicólogo vale-se da estatística.
Parece ser possível apontar duas finalidades principais do emprego da estatística pela Psicologia: 1ª – a descrição e, 2ª – a interpretação dos dados colectados pela pesquisa.
A estatística descritiva auxilia o psicólogo a organizar os dados em tabelas, e a representá-los graficamente, a calcular as medidas de tendência central, etc.

A estatística inferencial é a que permite interpretar os dados, chegar a conclusões através deles. Esta análise dos dados, é, sem dúvida, um emprego importante da estatística em Psicologia, sem o qual não poderia avançar a ciência como tal.









Elaborado por: Silvestre Galho

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