1.1 – Desenvolvimento histórico da
Psicologia
Uma
constatação interessante, feita por muitos historiadores, é que as primeiras
ciências a se desenvolverem foram justamente as que tratam do que está mais
distante do homem, como por exemplo a Astronomia. As que se referem ao que lhe
está mais próximo, ou as que a ele se refere directamente, como a Psicologia,
são as que tiveram desenvolvimento mais tardio. (Elaine M. Braghirolli, Guy P.
Bisi et al 2013, p. 17)
Sem
buscar as causas de tal fenómeno, verifica-se que, realmente, a Psicologia é
uma das mais jovens.
Mas,
mesmo antes que existisse uma ciência a respeito, o homem sempre procurou
explicações sobre si e sobre a Natureza. Por isso, não é errado afirmar que a
humanidade desde sempre colocou um sem-número de questões sobre o mundo que a
rodeia: Por que se sucedem as noites e os
dias? Por que é que chove e troveja?
Qual é a causa dos tremores de terra?
Para
estas e outras questões, procurou sempre explicações que atenuassem a angústia
e a inquietação do ser humano.
Contudo,
a Natureza não foi o único objecto das interrogações do homem. Este (o homem)
reflectiu sobre si próprio, sobre a vida humana – mais concretamente sobre o nascimento e a morte, sobre o bem e o mal,
a origem do medo e das emoções, do sono e dos sonhos, da paixão e do amor, dos
delírios, etc, como por exemplo: Por
que morremos? Qual é a origem da vida? Por que gosto mais da Tamara do que da
Ceára? Qual a origem dos sonhos? Por que sinto medo do escuro?
E,
é a partir destas experiências vividas que nasce a ideia de alma. Encarada como
o sopro de vida, como a força interior que dirige e alimenta o corpo. A alma
foi objecto de diversas reflexões. Aristóteles (séc. IV a. C) é considerado por
muitos, o autor do primeiro estudo de psicologia, intitulado Acerca da Alma.
Argumenta-se
também ainda que, as primeiras explicações sobre o ser humano e a sua conduta
foram de natureza sobrenatural, tal como as explicações para todos os eventos.
Assim como a tempestade era um indício de
cólera dos deuses, e a boa colheita,
do seu favoritismo, o homem primitivo
acreditava que um comportamento estranho e insólito era causado por um “mau
espírito” que habitava o corpo da pessoa.
Por
exemplo: Há cerca de meio milhão de anos, as pessoas
acreditavam que os problemas psicológicos eram causados pela presença de
espíritos malignos. Portanto, para permitir que esses espíritos fugissem, os
antigos curandeiros efectuavam uma operação denominada trepanação, que consistia
em fazer um buraco no crânio com instrumentos pouco sofisticados que perfuravam
os ossos do crânio. Assim é que muitos arqueólogos encontraram crânios com
sinais de cicatrização, o que nos leva a supor que alguns destes pacientes
sobreviveram após a operação.
A Psicologia tem as
suas raízes na Filosofia e as primeiras explicações de fórum psicológico para
os problemas que iam surgindo naquela altura foram dadas pelos famosos
filósofos como Aristóteles, Platão, Hipócrates, Descartes, entre outros, embora
muitas destas explicações hoje nos podem parecer absurdas, no seu tempo, era o
pensamento mais avançado.
Tales
de Mileto, um filósofo grego do século VI a.C., tem sido apontado como quem,
primeiro, procurou explicar os eventos naturais em função dos outros eventos
naturais. (Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 18)
Ele
explicou a matéria como formada de um único elemento natural: a água. Outros filósofos depois dele,
explicaram a matéria como formada de fogo,
de ar, de uma partícula indefinida (átomo).
O
importante nestas primeiras tentativas de explicação é a noção em que até hoje
se apoia a ciência: os eventos naturais devem receber explicações também
naturais.
Sócrates
(470 – 395 a.C.) e Platão (427 – 347 a.C.), os dois grandes filósofos gregos,
com seus ensinamentos, fizeram com que despertasse o interesse pela natureza do
homem, o que trouxe ao centro do questionamento filosófico da época inúmeras
questões psicológicas.
Não existe até aqui, ainda, a intenção de
explicação científica, tal como hoje a concebemos, mas, sim, a de uma
explicação moralista e ética.
Ambos
adotam a abordagem racionalista: Sócrates demonstra isso muito bem com o método
do questionamento logico, e Platão, com sua explicação racional do mundo, pela
existência do “mundo das ideias” que
justifica o mundo real.
Aristóteles
(384 – 322 a.C.) é comumente apontado como o filósofo que teria valorizado,
pela primeira vez, a observação como forma de se chegar a explicar os eventos
naturais, apesar de que seu método de investigação era, também, basicamente
racionalista.
Segundo
Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 18, a primeira doutrina
sistemática dos fenómenos da vida psíquica foi formulada, na Antiga Grécia, por
Aristóteles. Nos três livros De Anima
ele se pronuncia, como introdução, sobre a tarefa da psicologia. Aristóteles
acredita que as ideias e, consequentemente, a alma, seriam independentes do
tempo e do espaço e da matéria e, portanto, imortais.
Os
autores acima citados, afirmam que: circunstâncias especiais fizeram com que os
escritos de Aristóteles fossem perdidos nas tormentas produzidas pelas mudanças
do mundo ocidental durante mais de mil anos.
Em
1250, com Tomás de Aquino (1224 – 1275), as obras de Aristóteles alcançaram um
notável estado de perfeição. A determinação aristotélica das relações
corpo-alma e as questões ligadas a elas sobre as diferentes funções psíquicas
tornaram possível a este santo da Igreja medieval uma união quase total da
psicologia aristotélica com as doutrinas da Igreja. A força da psicologia
tomista reside em parte nos fundamentos empíricos da psicologia já introduzidos
por Aristóteles e nela conservados e, por outra parte, na simultânea ligação
com as crenças religiosas.
Apesar
disto, na Idade Média, houve pouco interesse pelo estudo dos fenómenos naturais
em si mesmos, talvez pelo facto de a grande predominância dos valores
religiosos levar à crença que um interesse muito grande nos fenómenos naturais era
nocivo para a salvação da alma.
Além
disso, o homem é tido como criação à imagem e semelhança de Déus, e seu
comportamento sujeito, apenas a sua própria vontade e à de Déus. Tal concepção
não favorece o desenvolvimento de uma ciência do homem, já que ele não podia ser
objecto de investigação científica.
Até
seu corpo, considerado como uma espécie de “sacrário
da alma”, era santo, e não se concebia a dissecação de cadáveres para o
estudo do organismo.
René
Descartes (1596 – 1650), filósofo francês, além de matemático e fisiólogo,
voltou a favorecer a pesquisa sobre o ser humano com a sua teoria do dualismo psicofísico. Para ele o homem
era constituído de duas realidades: uma material – “o corpo”, comparável a uma maquina e, portanto, cujos movimentos
seriam previsíveis a partir do conhecimento de suas “peças” e relações entre
elas (pensamento mecanicista); e de uma outra realidade, imaterial – “a alma”, livre dos determinismos
físicos.
Todos
os organismos vivos apresentariam certa diversidade de processos fisiológicos
como, por exemplo, alimentação, digestão, funcionamento nervoso, crescimento,
etc. a mente, por outro lado, é exclusivamente do homem e tem actividades
próprias como conhecer, recordar, e raciocinar.
Algumas
actividades como a sensação, a imaginação e o instinto, seriam produtos da
interacção entre corpo e mente.
Desta
concepção sobre o homem, decorre que existem duas áreas de estudo: a parte
material, o corpo a quem se deveria
dedicar a ciência; e a parte imaterial, a
alma ou mente, domínio da
filosofia.
Quem
estudasse a alma, portanto, não se deveria valer de observação e mensuração, já
que ela é entidade sem extensão e localização.
Esta
concepção favorece a pesquisa, porque, pelo menos, é possível estudar corpos
mortos e animais, já que ambos não possuem alma.
O
pensamento de Descartes influenciou profundamente a filosofia dos dois séculos
seguintes, e foi amplamente aceite a sua teoria do dualismo psicofísico.
Os
filósofos dos séculos XVIII e XIX, que tinham a mente e o seu funcionamento
como objecto de estudo de grande interesse, dividiram-se em duas escolas de
pensamento: o empirismo inglês e o racionalismo alemão.
Os
primeiros valorizavam principalmente os processos de percepção e de
aprendizagem no desenvolvimento da mente. Para eles, o conhecimento tem base
sensorial: as associações fundamentam as ideias. É grande a importância do meio
ambiente que estimula a percepção, que é, por sua vez, a base do conhecimento.
O cérebro desempenha papel primordial, já que é para onde se encaminham os
estímulos sensoriais e onde se processa a percepção.
Encontra-se,
aqui, a raiz filosófica das investigações biológicas dos fenómenos mentais.
John
Locke (1632 – 1704), inglês, é tido como o fundador do empirismo. Comparou a
mente com uma ‘’tabula rasa’’ onde seriam imprensas, pela experiência todas as
ideias e conhecimentos. Nada existiria ali que não tivesse passado pelos
sentidos (Nihil est in intellectu quod
prius non fuerit in sensibus).
A
associação de ideias explicaria muito da vida mental, segundo Locke.
Os
filósofos racionalistas, pelo contrário, acreditavam que a amente tem
capacidade inata para gerar ideias, independentemente dos estímulos do meio.
Diminuíam, assim, a importância da pecepção sensorial.
Além
disso, os racionalistas enfatizaram o papel da pessoa no processo de percepção,
afirmando que a pecepção é activamente selectiva e não um processo passivo de
registro, como colocavam os empiristas, e, também, afirmando que fazemos
interpretações individuais das informações dos órgãos dos sentidos, que
poderiam, por isso, ser bastante diferentes entre si.
Preocuparam-se,
assim, mais com as actividades da mente como as de perceber, recordar,
raciocinar e desejar – e enfatizaram o conceito de ‘’faculdades’’ mentais, isto
é, capacidades especiais da mente para realizar estas actividades.
Um
outro ponto em que discordavam empiristas e racionalistas está na possibilidade
ou não de análise, ou decomposição, dos fenómenos mentais.
Para os empiristas, a percepção ou uma ideia
complexa era composta de partes, ou elementos mais simples. Buscavam
identificar tais componentes simples para poderem compreender os fenómenos
mentais complexos. Para os racionalistas, cada percepção é uma entidade
indivisível, global, cuja análise destruiria suas características próprias.
Segundo
Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 21, esta controvérsia é
importante porque vai se constituir no ponto-chave do desacordo entre as
teorias psicológicas do início do século XX.
Quero,
no entanto, lhe recordar que até aqui, existem apenas escolas filosóficas e,
não ainda escolas psicológicas que buscam compreender os processos mentais
humanos.
Mas,
a ciência também vinha se desenvolvendo, e no início do século XIX já era
possível o estudo, em laboratórios, dos processos orgânicos da percepção.
Investigava-se, por exemplo, o funcionamento dos vários órgãos dos sentidos
submetidos aos vários tipos de estimulação.
Utilizavam-se
nestes estudos as respostas verbais dos sujeitos sobre o que ‘’sentiam’’ quando
estimulados, e, isto favoreceu o surgimento posterior de laboratórios para
estudar a ‘’mente’’, mostrando a possibilidade de a consciência do indivíduo
sobre estas estimulações ser um objecto de estudo experimental.
A
Fisiologia que se interessou pela investigação das funções cerebrais, foi nisto
influenciada pelo surgimento da Frenologia, teoria que logo desapareceu por
falta de maior comprovação. A Frenologia afirmava que o volume relativo do
tecido cerebral, em diferentes partes da cabeça, mostrado pelas saliências e
reentrâncias do seu contorno, era indicador de capacidades e traços dominantes
da personalidade.
A
Fisiologia do século XIX investigou e teorizou sobre a natureza da actividade
nervosa, a velocidade de condução do impulso nervoso, mecanismos da visão e
audição, etc.
Este
desenvolvimento da Fisiologia contribuiu grandemente para o surgimento da
Psicologia, principalmente pelos novos conhecimentos que proporcionou e pela
metodologia de laboratório que empregou.
Um
outro campo científico relacionado e cujo desenvolvimento também está
directamente na raiz da Psicologia moderna é a Psicofísica.
A
percepção consciente de um estímulo ambiental foi considerada no século XIX um
fenómeno mental e, portanto, inacessível à investigação experimental. No
entanto, um grupo de pesquisadores procurou mostrar que havia relação entre as
características dos estímulos e a pecepção dos mesmos.
Gustav
Theordor Fechner (1801 – 1887) é considerado o ‘’fundador da Psicofísica’’ ou o
‘’pai da Psicologia Experimental’’. A Psicofísica pode ser descrita como o
estudo quantitativo das relações existentes entre a vida mental (como
sensações, por exemplo) e os estímulos do mundo físico.
Estão,
entre os primeiros estudos da Psicofísica, por exemplo, estabelecer a menor
estimulação perceptível ou a menor diferença perceptível entre dois estímulos
da mesma natureza.
Fechner
e outros psicofísicos mostraram que é possível aplicar técnicas experimentais e
procedimentos matemáticos ao estudo dos problemas psicológicos, quaisquer que
sejam as concepções filosóficas a respeito do problema corpo-mente (Elaine M.
Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 22).
Caro
estudante, procurou-se até aqui, delinear o quadro de antecedentes científicos
e filosóficos do surgimento da Psicologia como ciência.
Costuma-se
estabelecer como data para o nascimento da Psicologia propriamente dita o ano
de 1879, quando Wilhelm Wundt (1832 – 1920) criou o primeiro laboratório de
Psicologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha.
Wundt
foi bastante influenciado pelo ponto de vista dos filósofos empiristas e pelo
desenvolvimento da Fisiologia e Psicofísica experimentais.
Ele
escreveu um livro intitulado Princípios
da Psicologia Fisiológica, investigou principalmente a percepção sensorial
que buscava reduzir os elementos mais simples (sensações e imagens) e, também,
encontrar os princípios pelos quais estes elementos simples se associavam para
produzir estas percepções complexas.
Em
outras palavras, para Wundt, o objecto da Psicologia era a análise da
experiência consciente (ou conteúdo mental) nos seus componentes básicos e a
determinação dos princípios pelos quais estes elementos simples se relacionam
para formar a experiência complexa.
Wundt
fez nascer uma escola psicológica que se denominou estruturalismo porque
buscava a estrutura da mente, isto é, compreender os fenómenos mentais pela
decomposição dos estados de consciência produzidos pela estimulação ambiental.
O
método utilizado, a introspecção (olhar para dentro), exigia sujeitos treinados
para que pudessem observar e descrever minuciosamente suas sensações em função
das características da estimulação a que eram submetidos. O relato deveria
excluir o que fosse previamente conhecido e limitar-se ao que realmente foi
experienciado sensorialmente.
O
estruturalismo foi trazido para a América do Norte por Edward B. Titchener
(1867 – 1927), o mais famoso discípulo de Wundt, onde permaneceu na sua
intenção original de ciência pura.
Justamente
este foi um dos pontos em que o estruturalismo foi mais atacado. O método usado
não possibilitava o emprego de crianças, indivíduos psicologicamente anormais e
animais como sujeitos, e nem possibilitava o estruturalismo como um todo, o
desenvolvimento da Psicologia Aplicada.
Este
e outros problemas fizeram com que o estruturalismo deixasse de existir como
escola psicológica, mas sua ênfase nos processos sensoriais se reflecte ainda
hoje em pesquisas psicológicas (Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013,
p. 23).
Como
reacção ao estruturalismo de Wundt e de Titchener, nos Estados Unidos, nasceu o
funcionalismo que pode ser melhor
descrito como um movimento do que, propriamente, como uma escola psicológica.
O
que une os funcionalistas é sua oposição ao estruturalismo, a respeito do qual
criticavam, principalmente, a artificialidade da introspecção, a decomposição
dos fenómenos mentais complexos em elementos simples e a estreiteza do âmbito
de investigação.
Os
funcionalistas interpretavam-se pelos propósitos do comportamento e não pela
estrutura da mente. O funcionalismo investigou a adaptação ou ajustamento do
sujeito a diferentes ambientes.
Entre
os principais fundadores do funcionalismo estão Willian James (1842 - 1910),
John Dewey (1859 - 1952) e James Cattel (1860 - 1944), todos americanos.
Denominavam-se
funcionalistas por interessarem-se mais
no que a mente faz, nas suas funções do que naquilo que a mente é, ou em como
se estrutura.
Baseados
nas concepções de Darwin sobre a evolução orgânica com a finalidade de
adaptação ao ambiente, os funcionalistas estabeleceram como objecto da psicologia, a interacção
contínua entre o organismo e o seu ambiente que permite a adaptação do
homem a ele.
As
funções mentais, como perceber, recordar, etc., têm o propósito de ajustar o
indivíduo ao meio. É possível promover um ajustamento melhor sucedido e, por
acreditar nisto, é que os funcionalistas se interessam pela aplicação dos
conhecimentos psicológicos a esta finalidade ampla.
A
importância do funcionalismo está justamente na amplitude de interesses que
trouxe para a Psicologia.
A
partir dele é que se tomam, para o estudo, problemas práticos e relevantes como
o ensino de crianças, a medida das diferenças individuais, o efeito das
condições ambientais na indústria, o comportamento anormal, etc.
Tanto
o funcionalismo como o estruturalismo não existem mais hoje, pelo menos com as
características com que se apresentaram inicialmente. Ambos foram substituídos
por correntes cujas ideias ainda se encontram presentes entre nós.
O
quadro abaixo procura situar, no tempo, as escolas que foram tratadas e também
as que serão examinadas a seguir.
|
|
- 1870
|
- 1880
|
- 1890
|
- 1900
-
1910
-
1920
-
1930
|
- 1940
-
1950
-
1960
-
1970
-
1980
A.t.t:
A escala acima, é uma escala cronológica aproximada da origem e duração do
período de maior influência de importantes escolas em Psicologia, segundo
Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz A. Rizzon e Ugo Nicoletto, em
Psicologia Geral, 33ª ed. p. 24.
1.1.2
– Principais posições actuais em Psicologia
v BEHAVIORISMO
Teve
como fundador John Watson (1878 - 1959), americano de nacionalidade, doutorado
pela Universidade de Chicago, no campo da psicologia animal. Fez da psicologia
uma ciência respeitável como as ciências físicas.
Descontente
com a situação em que se encontrava a Psicologia, e inspirado pelo grande
desenvolvimento das ciências naturais na época, Watson propôs um novo objecto de estudo para a Psicologia: o comportamento (behavior) estritamente observável.
(1) Com
isso, descartou dos estudos os fenómenos mentais, sensações, imagens ou ideias,
funções mentais e, também a introspecção como método. Ou seja, segundo Watson,
os psicólogos deveriam estudar o comportamento observável e adoptar
métodos objectivos.
Argumentava
que apenas o comportamento era objectivo, e que apenas ele poderia ser o melhor
critério para conclusões realmente científicas.
Esta
concepção valorizou os experimentos com animais, cujo comportamento mais
simples facilita a investigação e possibilita conclusões transponíveis para os
seres humanos.
Sem
nenhuma relação com o behaviorismo americano, desenvolvia-se, na Rússia, o
trabalho do fisiólogo Ivan P. Pavlov (1849 – 1936) sobre o reflexo
condicionado.
Esta
noção foi recebida com entusiasmo pelo behaviorismo, pois possibilitava explicar
o comportamento sem referência à processos internos que escapam á observação.
Watson
reconheceu no condicionamento uma base para explicar toda a aprendizagem, mesmo
a mais complexa, já que esta poderia ser reconhecida como encadeamentos,
combinações e generalizações de condicionamentos simples.
Coerente
com a ênfase dada à aprendizagem, atribuíram um papel primordial ao meio na
formação da personalidade, em contraste com quase descrença da hereditariedade.
Assim, para os behavioristas, a aprendizagem é a responsável principal,
inclusive, pelas mudanças observáveis no comportamento com o aumento da idade.
A
importância atribuída por Watson à influência do meio ambiente pode ser
avaliada pelas suas palavras: ‘’ Dai-me uma dúzia de crianças sadias, bem
formadas, e um mundo de acordo com as minhas especificações em que criá-las e
garanto que, tomando uma ao acaso, posso treiná-la
____________________________
(1)
Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi,
Luiz A. Rizzon e Ugo Nicoletto. Psicologia Geral, p. 25
para que se torne
qualquer tipo de especialista que escolha – medico, advogado, artista,
comerciante-chefe e, sim, até mendigo e ladrão – independentemente das suas
inclinações, tendências, talentos habilidades, vocações e da raça de seus
ancestrais’’ (WATSON, apud KELLER, 1970, p. 71), citado por Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz
A. Rizzon e Ugo Nicoletto, opcit, p. 25 e 26.
Hoje,
o ‘’behaviorismo clássico’’ não existe mais, porém, é possível afirmar que
grande parte, se não mesmo a maior parte da Psicologia americana tem orientação
behaviorista. O próprio conceito de Psicologia como ‘’ciência do
comportamento’’, amplamente aceite, parece indicar isto. (2)
v GESTALTISMO
O
termo gestaltismo é originário da palavra alemã “gestalt” que significa
aproximadamente em português: o todo, a estrutura a forma, a organização.
O
gestaltismo é uma corrente de origem alemã, mas que se desenvolveu nos Estados
Unidos. Nasceu como oposição às outras correntes psicológicas, e afirmava que o
estruturalismo e o behaviorismo subestimavam o papel do indivíduo,
principalmente nos processos da percepção e aprendizagem, acreditando-o ‘’um
registador’’ passivo dos estímulos do ambiente. Opunha-se também à decomposição
feita pelos estruturalistas dos fenómenos mentais em elementos simples e àquela
feita pelos behavioristas, do comportamento complexo em pequenas unidades de
reflexos ou respostas. Estas decomposições afirmavam eles, destituíam de
sentido o fenómeno estudado.
O
lema da gestalt veio a ser ‘’ o todo é mais do que a soma das partes’’.
Os
gestaltistas ilustram esta afirmação mostrando que uma melodia, por exemplo,
não pode ser decomposta em suas notas musicais componentes sem perder a
estrutura que a identifica e, inversamente, não constituir-se-á na mesma
melodia se tocada com outras notas (uma escala acima ou abaixo, por exemplo).
Os
principais representantes da gestalt ou Psicologia da Forma foram: Max
Wertheimer (1880 - 1943). Wolfgang Kohler (1887 - 1964), e Kurt Koffka (1886 -
1941) além de Kurt Lewin (1890 - 1947), que foi um dos mais famosos
gestaltistas, dedicando-se entre outras coisas, ao estudo da interacção social
em situações experimentais controladas.
NOTA:
relata-se que, Max Wertheimer, psicólogo alemão deu vida ao movimento da Gestalt
em 1921, segundo os historiadores, publicou numa universidade de Frankfurt um
relatório sobre estudos de movimento
aparente, ou seja, movimento percebido quando na realidade nada está
acontecendo.
_______________________________
(2)
Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi,
Luiz A. Rizzon e Ugo Nicoletto. Opcit, p. 26
v PSICANÁLISE
Criada
por Sigmund Freud (1856 - 1939), médico de Viena, especializado em tratamento
de problemas do sistema nervoso e em particular de transtornos neuróticos,
fundador do primeiro laboratório de psicanálise. A psicanálise é,
provavelmente, o sistema psicológico mais conhecido pelo público em geral,
apesar de não ser igualmente bem compreendido.
Este
sistema, que influenciou e ainda influencia tão fortemente não só os rumos da
Psicologia, mas também das artes, da literatura, enfim, de toda a cultura
ocidental, teve um desenvolvimento inicial bastante independente da Psicologia
como tal.
Todavia,
a teoria psicanalítica é naturalmente uma teoria psicológica cujo objectivo era de levar ajuda às pessoas em
sofrimento. Na época de Freud os médicos não compreendiam os problemas
neuróticos nem sabiam como tratá-los. Freud começou a procurar uma terapia
psicológica apropriada. Ele desenvolveu um novo método (associação livre) onde encorajava os pacientes e motivava-os
convidando-lhes a relatarem os seus sonhos.
Os
relatos sobre este sistema psicológico, levou-nos a concluir que a teoria
psicanalítica criou uma revolução na concepção e tratamento dos problemas
emocionais e provocou interesse entre os psicólogos pela movimentação do
inconsciente, a personalidade, o comportamento anormal e desenvolvimento
infantil.
As
ideias psicanalíticas ainda se encontram muito vivas actualmente tanto em sua
forma original como nas numerosas modificações que sofreram.
Quanto
a associação livre, Freud colocava os pacientes a repousarem num divã, e eram encorajados a dizer o que
lhes viesse à mente, sendo também convidados a relatarem os seus sonhos.
Durante o curso dessa associação o paciente relata pensamentos, sentimentos
lembranças, fantasias e sonhos (introspecção informal) enquanto o terapeuta
analisa o material e observa o comportamento do paciente.
Freud,
analisou todo o material que aparecia, procurando desejos, temores, conflitos,
pensamentos e lembranças que se encontravam além do conhecimento consciente do
paciente.
Ele
dizia: quando me impus a tarefa de trazer à luz o que os seres humanos guardam
dentro de si, não pelo poder compulsivo da hipnose, mas observando o que eles
diziam e mostravam, pensei que a tarefa era mais difícil do que realmente é.
Aquele que tem olhos para ver e ouvidos para ouvir pode convencer-se de que
nenhum mortal pode guardar um segredo. Porque se os lábios estiverem
silenciosos, ele fala com as pontas dos dedos e se atrai por todos os esporos.
Assim, a tarefa de tornar consciente os mais escondidos recessos da mente é
perfeitamente realizável.
v Humanismo
É
o movimento mais recente em Psicologia, que enfatiza a necessidade de estudar o
homem, e não os animais, indivíduos normais psicologicamente, ao invés de
pessoais perturbadas.
Além
disso, critica a utilização excessiva do método experimental, cujo rigor e
precisão tem impedido a pesquisa mais significativa com seres humanos.
O
homem tem características próprias, é singular e complexo e, por isso, não pode
ser investigado com os mesmos procedimentos aplicados ao estudo de ratos ou
outros animais em laboratórios (Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013,
p. 28).
Advoga
o estudo de processos mentais tipicamente humanos, como pensar, sentir, etc.,
apesar de não serem directamente observáveis.
Além
disso, o homem tem a capacidade de avaliar, de decidir, de escolher, não sendo um
ser passivo que apenas reage aos estímulos do meio. É alguém que se caracteriza
pelas suas potencialidades, pela sua tendência a realizá-las, por estar em
contínua modificação.
Segundo
Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi, Luiz A. Rizzon e Ugo Nicoletto, opcit,
p. 28, são representantes do Humanismo: Abraham Maslow, Rollo May e Carl
Rogers.
Este
conjunto amplo e heterogéneo de posições teóricas encontradas na Psicologia
contemporânea não deve ser tomado como indício de caos ou confusão, mas sim,
como um estágio no processo histórico de investigação do homem a respeito de si
mesmo. Esta investigação seguiu, naturalmente, diversos caminhos, com objectos
de estudos e métodos diferentes, o que resultou em diferentes pontos de vista,
que não são sempre, necessariamente contraditórios, mas podem, apenas, estar se
referindo a aspectos diferentes de uma única unidade complexa, o homem.
Talvez
se possa esperar chegar, um dia, a um estágio de desenvolvimento tal que exista
uma única teoria psicológica que consiga englobar todas as posições e
descobertas actuais.
1.2 – Conceito e Objecto de Estudo da
Psicologia
De acordo com a origem
grega da palavra, Psicologia significa o estudo ou discurso (logos) acerca da
alma ou espírito (psique).
Atribui-se o ‘’cunho’’
da palavra a Philip Melanchthon (1497 – 1560), colaborador de Martinho Lutero.
A generalização do termo, entretanto, só se deu cem anos mais tarde. Christian
von Wolf (1679 – 1754) o popularizou ao estabelecer a diferença entre
Psicologia empírica e racional e ao escrever diferentes retratos sobre cada uma
delas (Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 28, 29).
Todavia, as
controvérsias a respeito do surgimento do termo Psicologia, assim como do seu
fundador e aplicabilidade estão muito longe de serem debeladas, talvez pela
grandiosidade da própria ciência como tal (Silvestre
Galho, 2016).
Assim,
temos estado a constatar vários pontos de vista diferentes a esse respeito: por
exemplo, as autoras Manuela Matos Monteiro e Milice Ribeiro dos Santos na sua
obra Psicologia 1ª Parte 2001, p. 11, afirmam que o termo Psicologia só aparece
no século XVI, sugerido por Rodolfo Goclénio, vindo a ser vulgarizado no século
XVIII. Fazendo parte integrante da filosofia, a Psicologia só é considerada
ciência nos finais do século XIX. Contudo, a Psicologia tem um longo passado,
mas uma curta história (Silvestre Galho,
2016).
A
breve visão histórica da Psicologia mostrou que este significado foi se
alterando no decorrer do tempo e que, hoje, é uma tarefa difícil formular com
conceito razoavelmente amplo para abranger todas as posições em Psicologia.
Apesar
disso, a maioria dos psicólogos concordam em chamar a Psicologia de ‘’ciência
do comportamento’’.
Alguém
poderá argumentar que esta é uma definição nitidamente behaviorista e que,
portanto, não serve para expressar a variedade de concepções actuais.
Ocorre
que hoje se atribui um sentido bem mais amplo do que o sentido behaviorista
para o termo comportamento.
Como colocam muito bem
Telford e Sawrey (1973, p. 22), ‘’o comportamento inclui muito mais do que
movimentos flagrantes, como os que fazemos ao andar de um lado para outro.
Inclui actividades muito sutis, como perceber, pensar, conceber, sentir. A
Psicologia ocupa-se de todas as actividades da pessoa total’’ (Elaine M.
Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 28, 29).
Hoje,
por exemplo, muitos psicólogos preferem afirmar que o objecto da Psicologia é o
estudo científico do comportamento e dos processos mentais, bem como da relação
existente entre os mesmos. Assim, a Psicologia vai estudar o comportamento,
isto é, todos os actos e reacções observáveis, tudo o que fazemos como andar,
sorrir, correr, etc., estuda também os sentimentos, emoções, atitudes,
pensamentos, representações mentais, fantasias, percepções, isto é os processos
mentais que não podem ser observados directamente.
Cabe
à Psicologia estudar as questões ligadas à personalidade, à aprendizagem, à
memória, à inteligência, ao funcionamento do sistema nervoso, e também à
comunicação interpessoal, ao desenvolvimento, ao comportamento sexual, à
agressividade, ao comportamento em grupo, aos processos psicoterapêuticos, ao
sono e aos sonhos, ao prazer e a dor….
1.3
– Amplitude e aplicação da Psicologia
A
distinção que se costuma fazer entre ciência ‘’pura’’ e ‘’aplicada’’ é a
seguinte: a primeira busca o conhecimento desinteressado, sem vistas a sua
aplicação, e a segunda investiga os temas com o objectivo antecipado de usá-lo
em alguma área da actividade humana.
Tal
distinção é, na verdade, apenas académica, estabelecida para fins didácticos,
já que ambas estão intimamente relacionadas.
Para fins didácticos,
(Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 32) apresentam os principais
subcampos da Psicologia comumente descritos como dedicados à investigação
científica básica:
Ø Psicologia Geral:
busca determinar o objecto, os métodos, os princípios gerais e as ramificações
da ciência.
Ø Psicologia Fisiológica:
procura investigar o papel que os eventos e estruturas fisiológicas desempenham
no comportamento.
Ø Psicologia do Desenvolvimento:
estuda o desenvolvimento ontogenético, isto é, as mudanças que ocorrem no ciclo
vital de um indivíduo.
Ø Psicologia Animal ou Comparada:
tenta estudar o comportamento animal com o objectivo de, comparando-o ao do
homem, melhor compreendê-lo e, também por buscar a compreensão do comportamento
animal em si.
Ø Psicologia Social:
investiga todas as situações, e suas variáveis, em que a conduta humana é
influenciada a de outras pessoas e grupos.
Ø Psicologia Diferencial:
busca estabelecer as diferenças entre os indivíduos em termos de idade, classe
social, raças, capacidades, sexo, etc., suas causas e efeitos sobre o comportamento,
além de procurar criar e aperfeiçoar técnicas de mensuração das variáveis
consideradas.
Ø Psicopatologia:
é o ramo da Psicologia interessado no comportamento anormal, como as neuroses e
psicoses.
Ø Psicologia da Personalidade:
é a denominação da área que busca a integração ampla e compreensiva dos dados
obtidos por todos os sectores da investigação psicológica.
Alguns
dos principais ramos da psicologia aplicada serão descritos brevemente, a
seguir, para que o estudante tenha uma visão inicial da amplitude e utilidade
desta ciência.
ü Psicologia Educacional:
lida com aplicações de técnicas e princípios da Psicologia, quando o professor
procura dirigir o crescimento do educando para objectivos valiosos.
Os
tópicos mais importantes nesta tarefa são os das diferenças individuais,
aprendizagem e memória, crescimento e desenvolvimento da criança, motivação,
comportamento grupal e outros.
ü Psicologia aplicada ao Trabalho:
é o nome genérico que se dá a m conjunto de subcampos, onde, através da
aplicação de dados da Psicologia, os instrumentos de trabalho que o homem
utiliza podem ser melhor planejados, o trabalhador pode ser mais propriamente
selecionado e o ambiente de trabalho adequado as características do ser humano.
Com isto se objectiva um melhor atendimento às necessidades do homem e um maior
rendimento do seu trabalho.
Além
disso, os conhecimentos psicológicos sobre relações humanas na empresa, no comércio,
as descobertas sobre a psicologia do consumidor, sobre liderança e dinâmica de grupo
e outros têm também contribuído grandemente para estas finalidades.
ü Psicologia aplicada a Medicina:
pode auxiliar o médico em suas tarefas de diagnóstico, tratamento e prevenção
de doenças.
Hoje,
em pesquisa da psicologia aplicada a medicina, são temas preferidos: efeitos de
drogas sobre o comportamento humano e animal; efeitos de privação sensorial
prolongada sobre sentimentos e respostas de um indivíduo (ex.: vítimas de
poliomielite que permanecem longos períodos em balões de oxigénio, voos espaciais
longos); produção de distúrbios psicossomáticos em animais; efeitos do stress
sobre as funções fisiológicas humanas, enfim, as perturbações psicossomáticas.
ü Psicologia Jurídica:
envolve a aplicação dos conhecimentos da Psicologia no campo do Direito. Servem
de exemplos as contribuições sobre a confiabilidade do depoimento feito por
testemunhas, as condições adversas da segregação racial, classes sociais
desfavorecidas, efeitos da excitação emocional sobre o desempenho de
delinquentes e criminosos, etc.
Assim,
em cada sector em que os conhecimentos e técnicas da Psicologia são aplicados,
ela recebe uma denominação que indica qual o ramo da actividade humana na qual
são utilizados os seus conhecimentos.
Há
muitos outros sectores em que isto também ocorre como a propaganda, a arte, a
religião, etc.
Pode-se
concluir afirmando que a Psicologia é uma ciência de um campo de aplicação
muito amplo, o que justifica plenamente sua importância e a denominação que tem
recebido de ‘’a ciência do nosso século’’ (Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi
et al 2013, p. 34).
1.4
– Relação da Psicologia com outras Ciências
Costuma-se denominar a Psicologia de ciência
‘’biossocial’’ porque ela se relaciona principalmente com a Biologia e com as
Ciências Sociais.
Para
ilustrar estas relações basta lembrar as inúmeras pesquisas psicológicas
orientadas para os aspectos biológicos do homem e do animal, como as realizadas
pela Psicologia Fisiológica, Animal e Comparada; e, também, aquelas que
investigam actividades sociais dos indivíduos como as da Psicologia Social,
Educacional, do Trabalho.
Mas, as relações da Psicologia com outras
ciências não se limitam à Biologia e as Ciências Sociais.
A
Psicologia conota-se hoje pela sua natureza interdisciplinar. Assim como a
maior parte dos outros campos de estudo, a Psicologia não se preocupa com a
extensão em que uma investigação permanece dentro dos limites formalmente
definidos da disciplina. ‘’Quase todos
os campos da psicologia se sobrepõem a outros campos de estudo,
servem-se deles e, por seu turno contribuem para eles’’ (TELFORD & SAWREY,
1973, p. 25), citados por Elaine M.
Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 35.
Pode-se
ilustrar estas afirmativas mostrando que a Psicologia
Fisiológica contribui para o desenvolvimento da Fisiologia, da Bioquímica,
Biofísica, Biologia Geral, etc., mas também se serve das mesmas para seu
desenvolvimento.3
A
Psicologia Social, em suas regiões
limítrofes, confunde-se com a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política e
a Economia.
As
pesquisas de opiniões e atitudes, as previsões de comportamento e a dinâmica de
grupo exigem recursos ou conhecimentos de Psicologia, assim como de outras
ciências sociais.
Novas
áreas de interesse mútuo para diversas disciplinas surgem constantemente. Um
desses campos, de grande interesse actual, é a Psicolinguística que
estuda as relações acasos existentes entre a estruturação linguística e a
actividade cognitiva e que consegue congregar psicólogos, linguistas,
sociólogos, antropólogos, filósofos num trabalho conjunto para o
desenvolvimento da mesma.
Das
ligações da neurologia com a psicologia, apareceu um novo ramos da Psicologia
que se apresenta como uma nova interciência: a Neuropsicologia, que é o
estudo sobre as relações do comportamento com os dados da Fisiologia nervosa e
da Neuropatologia.
Muitos
outros exemplos poderiam ser dados, mas o que importa é ressaltar que não há,
hoje, a preocupação de manter as ciências dentro de um âmbito de investigação
restrito pela definição de seu objecto de estudo.
Para
concluir este capítulo, que procurou mostrar em linhas gerais o que é a
Psicologia contemporânea, repete-se com Marx e Hillix (1974, p. 70), citados
por Elaine M. Braghirolli, Guy P. Bisi et al 2013, p. 35, que ‘’a Psicologia de
hoje nega-se a ser limitada a um estreito objecto de estudo por definições
formais ou prescrições sistemáticas’’.
_______________________________
(3)
Elaine M. Braghirolli, Guy Paulo Bisi,
Luiz A. Rizzon e Ugo Nicoletto. Opcit, p. 35
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